Simplicíssimo

Edição 296 (02/10/08) – Vida e/ou morte

Nesse editorial, compartilho com vocês um texto motivado pela entrevista que dei ao jornal Zero Hora, integrante da matéria "Uma doença no meio do caminho", de 27 de setembro de 2008:

A inevitabilidade da morte (e o desejo de imortalidade) é uma característica inata ao ser humano, nos acompanha desde que nascemos e vamos lidando melhor ou pior com ela à medida que transcorre a vida. Na infância, usamos da fantasia, mitos e da asseguradora presença dos nossos genitores. De pois, nos fortificamos com racionalizações, nos apoiando nas crenças religiosas ou místicas de todo tipo, na idéia de perpetuação da existência pela chegada dos filhos e netos ou mesmo nas nossas conquistas e criações materiais que poderiam nos eternizar.

Irvin Yalom elenca dois pontos “poderosos e comuns de diminuir os medos em relação à morte”: (1) “a crença na qualidade pessoal de ser especial” (onipotência presente naquele personagem que se atira em perigosas aventuras dizendo que “nada vai me acontecer”; e sempre morre) e (2) “na crença em um supremo salvador” (comumente relacionada à religião).

O enfrentamento da morte é gerador de ansiedade ou inquietude, por vezes latente, mas que irrompe facilmente quando nos deparamos com situações que nos aproximam dela (doença, acidente, perda de pessoa próxima, envelhecimento, etc.). Sem dúvida alguma, a proximidade com a morte se compara a uma encruzilhada. E a decisão de que caminho seguir depende sim de cada pessoa, sua personalidade, suas vivências e o momento atual de vida (o que limita a definição de perfis). A autora Kübler-Ross, no livro "Sobre a Morte e o Morrer" define o enfrentamento da morte em 5 etapas: choque, negação, raiva, barganha e depressão (aceitação). Algumas pessoas ficam travadas numa ou outra, não conseguindo elaborar bem a situação. A reação à doença também varia de indivíduo para indivíduo. Alguns vêem como um inimigo, punição, fraqueza, perda. Outros como um desafio ou valor e ainda outros como alívio e até estratégia manipuladora.

Se, por um lado, isso nos desconforta e abala, pode ser também uma oportunidade de dar-se conta da nossa real condição de vida, com sua efemeridade. Daí partimos para o enfrentamento dos problemas do dia-a-dia, da busca dos desejos ainda não realizados, da consciência da responsabilidade pessoal que temos (e não mais do crédito restrito ao mundo externo, com seus fantasmas e deuses) em conduzir os desfechos. Afinal de contas, como já dizia Freud, “O valor da transitoriedade é o valor da escassez do tempo, a fruição da beleza do transitório”.


Enfim caros simplileitores, a edição 296 está aí. Aproveitem a vida e os textos dos nossos vivíssimos simpliatores!

Eduardo Hostyn Sabbi

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