A primeira manhã do ICE (Congresso Internacional de Endocrinologia) começou filosófica, porém pragmática. Roger Short , em sua palestra entitulada “Human Population Growth and Global Warming: the Sky is the Limit” (Crescimento Populacional Humano e Aquecimento Global: o Céu é o Limite) rebateu a famosa sentença de Thomas Malthus, que em 1798 afirmou que “o poder da população é indefinidamente maior do que o poder da terra para produzir subsistência desta”, no momento em que afirmou que o limite hoje não está na terra, e sim no céu – ou seja, nas crescentes concentrações de CO2 na atmosfera.
Um dos maiores contribuintes para a progressão das emissões de poluentes e CO2 é, sem dúvida nenhuma, o rápido crescimento populacional. Em 1930, éramos 2 bilhões sobre o planeta, hoje, somos cerca de 6,7 bilhões e a estimativa para 2050 é que sejamos 9,2 bilhões se nada for feito.
Mais pessoas, mais consumo, mais industrialização e produção de CO2, maior aquecimento global, piores condições de vida, menor sobrevida para os “menos afortunados”, aumento da violência, crise e convulsão social, efeitos em cascata…
Hoje temos cerca de um bilhão de pessoas vivendo com menos de 2 dólares por dia no mundo. Como será em 40 anos?
Recentemente, o economista britânico Jeffrey Sachs publicou seu novo livro chamado Common Wealth, onde afirma:
“O século XXI verá o fim do domínio Americano. Os desafios do desenvolvimento sustentável, proteção ao ambiente, estabilizar a população mundial, estreitar as distâncias entre ricos e pobres, e terminar com a pobreza extrema tomarão o centro do palco.”
Otimista? Ou realista?
Mas e afinal, como a Endocrinologia pode ajudar a evitar o aquecimento global?
Tudo começa, segue o professor Short, em 1953, quando Gregory Pincus e M. C. Chang publicaram o estudo “Os efeitos da progesterona e componentes relacionados na ovulação e no desenvolvimento precoce dos coelhos”, em que, administrando progesterona intravaginal ou intramuscular conseguiram, pela primeira vez, inibir a ovulação dos mamíferos roedores. Estava descoberto o anticoncepcional.
O passo necessário agora, segundo Short, é fazer com que os anticoncepcionais não precisem de receita médica para serem adquiridos e que sejam fabricados e distribuídos amplamente em países em desenvolvimento. Uma sugestão, segundo o professor, seria passar a convencer as mulheres a utilizarem o anticoncepcional hoje utilizado via oral por via vaginal, pois desta forma o estrógeno queratiniza o epitélio vaginal, prevenindo a infecção por HIV. Ainda é necessário um estudo mais prolongado sobre esta via de uso para o anticoncepcional oral para definir sua segurança.
E agora, pergunto eu, seriam elas, as mulheres, a peça chave capaz de efetivamente reduzir o aquecimento global?
Polêmica ou solução real? Você decide.
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