“A vida é uma doença sexualmente transmissível com 100% de mortalidade”
A frase acima, proferida pelo Prof. Dr. Julio Rosenstock, do Dallas Diabetes Center, há poucos minutos atrás aqui no XVII Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes, em Fortaleza, chama atenção para uma inevitabilidade biológica: a morte.
Com essa frase o Dr. Rosenstock terminou uma palestra que discutia a possibilidade do aumento de câncer em função do uso de um determinado tipo de insulina sinteticamente produzida. De forma simples e clara, conseguiu demonstrar o que, de forma confusa e equivocada, os editores de uma revista científica haviam “desinformado”.
Apesar de a ciência médica – bem como tantas outras ciências biológicas, exatas ou mesmo humanas e sociais – ser magnífica em sua especialização e fragmentação do conhecimento, produzindo avanços a cada minuto, é notório perceber que, na hora de tentar juntar as peças do quebra-cabeça parece que somos um bando de crianças de 2 ou 3 anos tentando montar aqueles puzzles feitos para crianças a partir de 12 anos…
Outra mensagem importante destes dias, diz respeito ao fato de que é inegável que a especialização torna-se ferramenta poderosa não só para produzir conhecimento, mas também para difundi-lo entre aqueles que podem dele se benificiar. E aí está o furo da lógica mercantilista: enquanto inegavelmente somos capazes de brilhar avançando de forma miraculosa na selva científica, falhamos bizarramente como humanos e seres sociais no compartilhamento do que temos aprendido.
De que forma poderei eu, após este congresso, compartilhar tudo que aprendi? Publicando em um blog? Falando com meus pacientes, um a um, quando vierem consultar em meu consultório? Fazendo milhares de panfletos e largando de helicóptero por cima das cidades, até que acabe meu dinheiro?
Todas essas formas são válidas. Todas as formas de educação e instrução são muito válidas. Entretanto, a forma ainda hoje mais eficaz de distribuir informação para a grande massa da população fica restrita ao rádio e, principalmente à televisão. Estes meios de comunicação, entretanto, estão nas mãos de indivíduos ou grupos de indivíduos cujo interesse maior não é, verdadeiramente, difundir conhecimento, e sim, concentrá-lo mais e poder concedê-lo à população em pequenas gotas, de forma a realçar ainda mais sua própria importância em detrimento de um benefício amplo ao povo.
Talvez o que eu esteja falando pode fazer pouco sentido para muitas pessoas, mas sou um crítico assaz feroz dos meios de comunicação instituídos, pois acredito que os mesmos poderiam gradualmente mudar seu foco das notícias repetitivas, dos programas de humor (que a cada semana também repetem as mesmas piadas) e da reprodução da cultura massificada pela indústria do dinheiro para amplificar noções educativas e que possam, de fato, empoderar os indivíduos em sua saúde, relações profissionais, relações sociais e com a natureza.
Mesmo a TV Cultura é insuficiente, dada a dose mamutesca de anestésicos com os quais a população está acostumada. A mudança deveria ser generalizada. Ano após ano, uma grade cada vez mais educativa seria capaz, acredito, de mudar efetivamente não só a percepção de cada brasileiro mas também a vida de todos nós.
Como fazer isso em um mundo que se baseia no dinheiro, no consumo e na publicidade? Tenho minhas opiniões, mas gostaria de saber o que você pensa sobre isso. A caixa de sabão é sua: suba nela e desabafe!
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