Simplicíssimo

Hum milhão aos quarenta anos

            Há tempos me preocupo com minha segurança financeira. Quando converso com colegas médicos, é interessante perceber que muitos preocupam-se, a curto prazo, em ter um carro melhor, uma boa casa ou apartamento (de preferência uma cobertura) para que possam, de imediato, aproveitar bem a vida.

            Como eles, também gostaria de ter a meu dispor estas benesses – o quanto antes, diga-se de passagem. Acontece que, no mundo real, onde vivo, o trabalho do médico é árduo para se obter além do pão de cada dia também o leite, o café, a saladinha, a internet banda larga e um ou outro livro por mês. De sol à lua, consegue-se viver bem, sem grandes restrições (a falta de uma tv de plasma não pode ser considerada como carência grave).

            Como qualquer brasileiro, a busca de dias melhores no futuro passa por um planejamento adequado do orçamento familiar, restrição de gastos supérfluos ou além do nível de vida que se possa manter (como a compra de um imóvel, veículo ou equipamento eletrônico sem ter formado antes um lastro financeiro que garanta a subsistência própria ou da família por ao menos 6 meses em caso de desemprego) e prospecção de melhores oportunidades de trabalho e ganhos financeiros, mesmo estando empregado e satisfeito com a condição atual.

            Destas medidas, já venho realizando todas em maior ou menor grau desde 2002, o que me traz, hoje, razoável segurança caso algum incidente interrompa minha capacidade de manter meu trabalho na intensidade atual.

            Recentemente concluí a leitura do livro “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, do Gustavo Cerbasi, em que ele analisa e sugere aos casais várias formas de se entenderem financeiramente e construírem um futuro mais sólido para ambos. As dicas são valiosíssimas. Algumas, pautadas pelo bom senso, são inquestionáveis e servem apenas para – ao menos para quem como eu já vinha se preocupando com isso – reforçar atitudes financeiramente saudáveis do dia-a-dia. Outras, originais e inteligentes, acrescentam qualidade ao cuidado que devemos ter para construir nossa estabilidade financeira ao longo dos anos. As várias tabelas de juros compostos nos ajudam a entender os benefícios de uma “poupança programada” e também entender melhor as variadas formas de aplicação e, ainda, a diferença que 0,2% ao mês fazem em 20 anos!

            Por certo, é difícil abrir mão de muitas coisas hoje em função de um amanhã incerto, que pode nem chegar. É, por outro lado, animador, investir sob uma perspectiva de uma aposentadoria (aqui como sinônimo de estabilidade financeira, que possibilite a suspensão completa do trabalho e a manutenção do nível de vida através da renda dos investimentos) com uma idade ainda jovem.

            As escolhas estão aí para serem feitas. Cabe a cada um de nós saber se é melhor gastar agora e continuar trabalhando sem descanso até os sessenta ou setenta anos ou se, começando a poupar e investir parte do que recebemos cedo, nos aposentar aos quarenta ou no máximo cinqüenta com uma renda de fazer inveja àquele nosso colega gastador.

            Mais uma coisa: não me perguntem onde está o equilíbrio nesta equação, pois não saberei como responder. Cada um que procure o seu! Dedo na consciência e no juízo crítico!

 

Rafael Reinehr

Rafael Reinehr

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