Mushrooms, baby

    Só com chá de cogumelo pra agüentar o choque da realidade.

    Nâo culpo quem foge para as drogas para anestesiar a vida. Quando falo em drogas, me refiro desde a inocente maconha até a poderosa heroína, passando pelas drogas legalizadas como a fluoxetina e o diazepam, este último, protagonista do filme Christiane F – Drogada e Prostituída.

    De pronto, um psiquiatra de plantão pode esbravejar: ei, mas estas drogas lícitas que você citou auxiliam muitas pessoas a voltarem aos trilhos novamente. Sim! Não discordo!

    A crítica segue apenas para a massificação do uso destas drogas, que hoje são utilizadas para tapar o mínimo buraco afetivo das pessoas. Ao primeiro sinal de alerta, fluoxetina. Lembra-me um pouco da SOMA, substância utilizada pela população no livro "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley.

    Não pretendo buscar detidamente a causa para esta pandemia de utilização de psicofármacos, mas  certamente uma das raízes encontra-se nesta tendência que a maior parte dos seres humanos têm de procurarem sempre o caminho mais rápido e fácil, o que nem sempre é sinônimo de saúde, vide o exemplo do uso ainda disseminado e corrente de anfetaminas ou fárcmacos com efeitos similares para a redução rápida de peso, sem que seja necessário, muitas vezes, esforço algum na direção de reeducar hábitos alimentares e incluir atividade física no dia-a-dia.

   O fato é que, já há algum tempo, tenho percebido que meu consultório de endocrinologia tem se tornado, na verdade, um consultório psicológico, sem que de fato eu tenha realizado especialização específica nesta área. Com um pouco de sensibilidade, muito bom senso e estudo continuado, creio que posso alcançar esta mudança progressiva de paradigma e continuar auxiliando meus pacientes. Ensinando-os, acima de tudo, a reduzirem o ritmo. Tirarem o pé do acelerador e reduzirem a velocidade do mundo.

 Rafael Reinehr