A cada dia, percebo quão distantes estamos de um mundo mais justo e humano. Ou melhor, vivemos em um mundo “humano”, e é justamente este o problema. Deveríamos ser capazes de criar um mundo “super-humano”, mas isso, aparentemente, não é possível.
De onde vim e onde quero chegar? Explico:
Hoje ocorreu em minha cidade uma batida da Receita Federal com apoio do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar no centro da cidade, sendo apreendidos muitos materiais contrabandeados, claramente ilegais. Tais produtos são vendidos, como todos sabemos, nos centros de todas grandes e pequenas cidades do país. Mesmo assim, pouco é feito para mudar o quadro.
Logo após a batida e a apreensão de boa parte dos produtos ilegais, criminosos, como prefiro dizer, os ambulantes saíram “indignados” quebrando carros e lojas no centro da cidade. Quebravam tudo que viam pela frente.
Que mundo é este onde o bandido tem direito de indignar-se a ponto de causar tamanho tumulto e transtorno aos cidadãos que nada têm a ver com a história assim como aos comerciantes honestos que têm suas lojas pelo centro?
Sim, eram ambulantes autorizados pela Prefeitura para atuarem ali, pode dizer alguém. Mas não para comercializar produtos contrabandeados.
São pessoas pobres, que necessitam daquele tipo de trabalho para sobreviver? NÃO! São pessoas que, em sua maioria, têm várias bancas espalhadas pelo centro onde pela cidade, ganham um bom dinheiro através da venda de seus produtos. Muitos deles são “encostados” no INSS e ganham benefícios assistenciais ou aposentadorias que, nós, trouxas-humanos lhes concedemos. São pessoas que traficam drogas ilícitas e vendem medicações para induzir aborto de forma clandestina.
Toda generalização é perigosa, e posso estar colocando em meio à podridão que se esconde naqueles camelódromos pessoas decentes e honestas, mas as histórias que ouvimos de clientes, familiares de camelôs ou dos próprios demonstram bem a pretensa coragem e determinação de enfrentar os riscos da atividade ilegal em função da busca desmedida por lucro cada vez maior.
À tardinha, a Brigada Militar ainda policiava as ruas do centro, em número superior ao usual, mas os camelôs já estavam a vender seus CDs e DVDs piratas e a Brigada a fazer vista grossa para isso. Presenciei claramente este fato, vendo um “casal” de brigadianos passear calmamente ao lado de um ambulante que negociava seus produtos criminosos ao ar livre, em plena luz do dia.
É nesse sentido que não consigo, apesar de essencialmente humanista que sou, pretender alcançar solução razoável para esta vileza incansável do ser humano. Tudo que precisamos aprender, não cabe em nosso limitado cérebro e em nossos negociáveis corações. Precisamos, isso sim, de um super-humano. Quem sabe este ser, esta nova espécie, não está à porta esperando para se apresentar? E como nos relacionaremos com ela? A trataremos como ameaça e trataremos de dizimá-la antes que fique forte e nos destrua? Ou seremos ludibriados pela sua sutileza e ela finalmente conseguirá mudar o rumo que nós, animais da espécie Homo (nem tão ) sapiens, não conseguimos mudar?
São perguntas que ficam, mas gostaria de ter respondidas. Assim que possível.
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