Não era meu plano ficar batendo na mesma tecla em edições tão próximas do Simplicíssimo, mas é muito difícil não falar sobre o assunto que toma de assalto nossas mentes dia e noite: a iminência da Guerra. Não só Nostradamus previu mas também a vovó já dizia: esse assado está com cheiro de queimado! Fico fascinado com a força e a intensidade com que questões éticas e de legalidade estão sendo discutidas em todo mundo. Feridas estão sendo abertas, nações dos países desenvolvidos estão sendo expostas. Mesmo a França, agora liderando o time dos “Contra” ainda sofre com resquícios de seu imperial-colonialismo. A Rússia, também do “Contra”, é lembrada constantemente da ocupação da Chechênia. Os Estados Unidos são desmascarados de fora para dentro, pelos seus outrora tão ferrenhos aliados e defensores mas, o que mais faz minha estupefactação vibrar energicamente, é que um levante “de dentro pra fora”, que ocorria timidamente já há vários anos (desde a década de 60), agora tomou vulto e seu sonoro “Não!” à guerra se faz ouvir até em Plutão! Vemos um menino em uma escola americana vestindo uma camiseta com a foto de George Bush com o texto “Terrorista Internacional” ser expulso da escola, temos protestos de homens e mulheres nu(a)s correndo pelas pradarias (argh!) em protesto, passeatas, bandeiraços, telefonemas e e-mails superlotanto o Pentágono e a Casa Branca! É um fenômeno que não podemos deixar de comentar e exaltar. É a força da razão humana, da Opinião Pública Mundial, sobrepujando a loucura de seus governantes! Como tela de fundo, coloco o “depoimento” de 2 bandas norte americanas de um estilo que podemos chamar de punk rock misturado com funk e hardcore. O primeiro é o videoclipe de “Testify”, do Rage Aganst The Machine, “baixável” gratuitamente no Kazaa (www.kazaa.com), que fala sobre a mesmice e a corrupção que se perpetua na “América” (putz, nunca coloquei tantas aspas em um texto antes!). Começa com um filme em preto e branco dizendo que os Aliens querem conquistar o mundo, e para tanto colocarão na terra um “mutante” que se divide em dois (Al Gore e George Bush), que apesar de parecer dois seres distintos, na verdade é o mesmo, e é enviado à Terra para domina o mundo. O clipe, feito em 2000, creio, é um retrato do que viria a ser o momento atual. O segundo depoimento “em antecipação” é a letra de “American Jesus”, do Bad Religion, feita na década de 90 e que transcrevo, no original em inglês, abaixo:
I don´t need to be a global citizen
Because I´m blessed by nationality
I´m a member of a growing populace
We enforce our popularity
There are things that seem to pull us under and
There are things that drag us down
But there´s a power and a vital presence
That´s lurking all aroundWe´ve got the American Jesus
See him on the interstate
We´ve got the American Jesus
He help build the president´s estateI feel sorry for the earths population
Cuz so few live in the USA
At least the foreigners can copy our morality
They can visit but they cannot stay
Only precious few can garner our prosperity
It makes us walk with renewed confidence
We´ve got a place to go when we die
And the architect resides right hereWe´ve got the American Jesus
Postering the shim of pain
We´ve got the American Jesus
Overwhelming millions every dayHe´s the farmer´s barren field
The force the army wields
The expression in the faces of the starving children
The power of the man
He´s the fool that drives the clan
He´s the motive and conscience of the murderer
He´s the preacher on TV
The false sincerity
The form letter that´s written by the big computers
He´s nuclear bombs
And the kids with no moms
And I´m fearful that he´s inside meWe´ve got the American Jesus
See him on the interstate
We´ve got the American Jesus
Each side with his apologiesWe´ve got the American Jesus
Postering the shim of pain
We´ve got the American Jesus
Overwhelming millions every day
Por isso que gosto de ler os clássicos: me emociono com a atualidade dos pensamentos de centenas ou milhares de anos atrás, principalmente no que diz respeito à Política, às Virtudes, à Justiça e à Ética. Fico pasmo quando pessoas comuns, contemporâneas, como os autores dessas músicas conseguem traduzir em palavras, sons e imagens aquilo que muitos sociólogos com doutorado, livros publicados e menções de “doutor honoris causa” pra cá e pra lá não conseguem fazer. A realidade é triste mas é verdadeira… Em duas semanas de governo um torneiro mecânico sindicalista de 9 dedos nas mãos conseguiu surpreender o mundo participando do Fórum Social Mundial em Porto Alegre e do Fórum Econômico Mundial em Davos, arrancamdo palmas nos dois eventos. Chegou ao ponto de um respeitável analista político (estou certo?) do The Guardian, jornal britânico, escrever que, talvez, o mundo fosse muito melhor se George Bush fosse presidente do Brasil e Lula fosse, por sua vez, presidente dos Estados Unidos! Quase tive um chilique ao ler essa! Fantástico! Quem não tem colírios usa óculos escuros! Imagine o que estão produzindo no Le Monde Diplomatique…
Rafael Luiz Reinehr
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