“Nossos pés deixam pegadas na areia do tempo. Se estivermos no caminho errado, muitos nos seguirão, desviando-se do que é correto. Quando pensamos que uma ação é só por aquele momento e esquecemos que ela deixa um rastro atrás de si, não estamos sendo responsáveis.
Todas as nossas ações afetam os seres humanos, dando-lhes alívio ou tristeza. Podemos fortalecê-los ou não. Podemos causar ferimentos ou curas. Podemos gerar conflitos ou resolvê-los. Podemos criar cataclismas ou algo nobre para a sociedade.” B.K.Jagdish
Este fantástico pensamento, por mim retirado há mais de uma década do “Almanaque Gaúcho”, publicado em Zero Hora e que agora reside não só naquela folha amarelada que guardo comigo, conseguiu realizar uma mudança gigantesca na forma que percebo o mundo e as coisas ao meu redor.
Posso dizer que, na experiência da minha vida, esse talvez tenha sido o chacoalhar que deu início ao meu processo de Despertar. Sempre que me referir a este termo, “Despertar“, me refiro não a um acordar biológico tão somente, e também não uso o termo como um fenômeno puramente místico mas, mais ainda, a um fenômeno que abraça em si as necessárias mudanças biológicas, espirituais e sociais necessárias a uma Reforma do Pensamento.
Esta Reforma do Pensamento, que começa com uma Reforma da Percepção e passa por uma Reforma do Julgamento, é o sentido último do meu esforço intelectual dos últimos 14 anos. Tenho forte convicção de que as mudanças que urgem passam por este processo que, em última instância, deverá modificar a forma com que percebemos, julgamos e pensamos.
Entretanto, e agora me dobro a evidências empíricas, nem sempre é através da palavra – como ocorreu comigo – que se consegue promover o “Despertar“. Muitas vezes, precisamos da prática, da ação, do exemplo como ferramenta para que a mudança ocorra.
Hoje, infelizmente, ainda precisamos ser violentados, maltratados, desrespeitados, perder o emprego, ter nossa honra machucada ou precisamos ser retirados de nossa “zona de conforto” para perceber que alguma coisa está muito errada no mundo aí fora. Os sinais da degeneração da qualidade de vida estão cada vez mais salientes e, apesar do crescimento do consumo de bens materiais, pouquíssimas vezes conseguimos escutar a palavra felicidade. E esta, por incrível que possa parecer a este ser humano individualista, capitalista e competidor que é a regra hoje em dia, é mais ouvida em ambientes onde a confraternização, a socialização e a cooperação estão presentes. Paradoxal? Nem tanto, quando lemos alguns estudos científicos a respeito.
Pois é deste fluxo que trataremos aqui: o fluxo contínuo de linguagear, emocionar e conversar – para utilizar os neologismos criados por Humberto Maturana – em direção a um porvir mais voltado para o social do que para o individual, que tenda à cooperação entre as pessoas e o ambiente. Por incrível que pareça, você não precisará abrir mão de seu conforto para isso. Aprenderemos juntos como seguir este caminho. O primeiro passo está dado. Agora me dê sua mão e vamos caminhar juntos.
“– Utopia […] ella está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. Para que sirve la utopia? Para eso sirve: para caminar.” Eduardo Galeano
(publicado originalmente na Coolmeia, em 6 de abril de 2009)
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