Simplicíssimo: Com quem mora? E o que faz da vida? Fale um pouco da vida real. Não nos poupe dos detalhes sórdidos.
Marcos Claudino: Atualmente moro com minha mãe e meu irmão mais novo, na Barra Funda, região central de São Paulo. Moro lá há nove anos, mas estou de mudança para Cotia, pois me caso em novembro próximo.
Sou Analista de Recursos Humanos na São Paulo Transporte S/A (SPTrans) desde outubro de 2005. Trabalho com Recursos Humanos há mais de 15 anos, gosto da área, identifico-me com atividades que possam causar impacto positivo nos empregados, fazendo-os mais úteis e satisfeitos à organização e na vida pessoal.
Falar um pouco da minha vida real refletirá, neste momento específico, nos preparativos para minha vida a dois. Partilho minha vida há quase 13 anos com a figura que resolveu acreditar em mim, e dividir o resto de nossas vidas tem sido um enorme prazer, satisfação, companheirismo e amizade que não encontrei nunca antes.
Simplicíssimo: O que está lendo? O que vai ler? O que não vai ler?
Marcos Claudino: Estou há mais de dois meses lendo "Gato Preto em Campo de Neve", do digníssimo e talentoso Érico Veríssimo. Só consigo ler no caminho ao dentista e nas filas de banco. Éricos pai e filho, em minha opinião, são dos melhores talentos que este país já produziu. Minha linha literária varia muito com meu humor e as fases em que vivo. Marcelino Freire, dos contemporâneos, é o que mais tenho vontade de conhecer, pelos dois anteriores e impecáveis livros que pude ler. Mas há muito que aprender uma nova safra pulsante que precisa ser divulgada, como Daniel Galera e Moacir Godoy Moreira, entre tantos. Não me sinto com autoridade para ditar o que não ler. Auto-ajuda e fórmulas milagrosas de sucesso fazem-me correr de susto, Paulo Coelho e similares são realmente aterrorizantes, mesmo confessando que na adolescência já os consumi, mas não precisa contar pra ninguém… rsrsrs…
Simplicíssimo: Qual é o nome do autor dos livros que você deveria ter escrito?
Marcos Claudino: Marcelino Freire, Pierre Merot, Érico Veríssimo, Fernando Sabino, ou mesmo Paulo Coelho. Este último só pra ficar podre de rico, depois eu pararia… rsrsrs… Muitos, por muitos motivos. Simplicíssimo: Quando começou a escrever, e neste começo como classifica o que escrevia?
Marcos Claudino: Comecei a escrever crônicas do dia-a-dia, isso no início da década de 90, na primeira empresa que fornecia internet de rede, e-mail a todos, entende? De certa forma, nunca perdi essa mania. No meu blog (http://mclaudin.blog.uol.com.br) ainda tento manter as críticas fervendo, sempre cobrando e perturbando meus amigos para saber o que eles acham. Vez ou outra me pego sapeando as velharias que consegui imprimir, e rio muito, primeiramente pela forma rudimentar de me expressar, e também porque, infelizmente, a maioria dos motivos de minhas indignações ainda persiste… Minha primeira aparição como colaborador foi no site do humorista Beto Hora, da rádio Bandeirantes SP, e minha mais orgulhosa aparição foi com um texto na "Agência Carta Maior", em 2004. Simplicíssimo: As suas idéias você as digita direto? Escreve num papel ou anota só a idéia e depois desenvolve? Senta-se de cabeça limpa então seus motes vêm como se soprado pelas deusas? Afinal com é seu processo produtivo?
Marcos Claudino: Processo produtivo? Bem, quer dizer, eu tenho mesmo isso? Bom, nas raríssimas vezes em que pensei num bom tema, numa mirabolante idéia, procurei anotar para mais tarde desenvolver. Outras vezes começo a escrever para arejar a cabeça das planilhas e controles. Vou desenvolvendo, e muitas vezes apago tudo na primeira releitura. O tema inicial abandona-me por um lapso inspirado repentino, e trato de registrar a nova atmosfera. Sempre tenho um ou outro amigo próximo, e imprimo e pergunto o que ele entendeu, se entendeu, e depois digo o que eu mesmo queria dizer. Isso me ajuda muito, mas outras vezes me atrapalha, pois descubro que não cheguei nem perto do meu intuito. Enfim, não tenho um ritual específico, na maioria das vezes.
Simplicíssimo: Qual é sua inspiração mais ativa?
Marcos Claudino: O mundo da antropologia me atrai. Pessoas, comportamentos, culturas, curiosidades e afinidades coletivas e individuais. Acho que qualquer um que queira começar a escrever qualquer coisa deve, antes de qualquer coisa, conhecer um bom bocado de comportamento humano. Ao menos pra sair dele quando bem entender.
Simplicíssimo: O Brasil, em sua opinião…
Marcos Claudino: É uma criança que herdou do pai um trono num reino riquíssimo, mas que ainda não adquiriu experiência para promover um reinado sem desigualdades. Sou apaixonado por este lugar, ao mesmo tempo em que tenho vontade de sumir dele a cada Jornal Nacional.
Simplicíssimo: E a sua opinião, em sua opinião…
Marcos Claudino: Em minha opinião, a minha opinião é útil, nem que seja a mim mesmo. Registrar nossa opinião não significa procurar adeptos ou inimigos mortais. Importante mesmo é gerar debates, ascender opiniões, fazer pensar sobre aquilo, sem disputas, sem ganhador ou perdedor. Acho importante que existam mecanismos que possam tirar as pessoas do senso-comum, da mesmice, dos clichês. A leitura ajuda muito nisso, e a TV aberta atrapalha muito. Ninguém é condenado por gostar de novelas, mas deve saber que está sendo usado para outros fins subentendidos. Enfim, se minha opinião puder ajudar neste complexo contexto, serei feliz, não mais nem menos do que sou, mas serei.* *Na foto Claudino com seu afilhado Pedro Henrique.
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