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“A Miséria do Jornalismo Brasileiro” – Uma Miséria, de Fato

Em sua obra, Juremir Machado da Silva propõe desmascarar os erros e as artimanhas da imprensa brasileira. O livro é composto de quarenta artigos, aparentemente independentes entre si, em que são colocados os temas da ética, do sensacionalismo, da exploração da vulgaridade e, principalmente quanto ao jornalismo cultural, do sistema de conivências. Com palavras fortes e argumentos inteligentes, o autor faz uma crítica ferrenha a todos que comandam os meios de comunicação no país.
Juremir acusa a mídia de ser metalingüística, falsa moralista, excludente, repetitiva e desedificadora; por último, o pior: poderosa. Afirma que é o poder da mídia que cega a todos os demais adjetivos ao leitor/ouvinte/telespectador, que se mantém crente na informação verdadeira e objetiva. Juremir aponta o cidadão como o maior prejudicado na guerra dos índices de audiência: os diferentes veículos discursam que dão ao povo o que desejam, mas na verdade estão formando as preferências populares.
Ora, não se podem negar, de fato, a gravidade da falta de conteúdo da televisão brasileira e muitos duvidosos critérios de noticiabilidade do jornalismo impresso; assim como também a super concentração da mídia no eixo Rio de Janeiro – São Paulo. Algumas coisas, porém, mudaram de 2000 para cá; surgiram propostas interessantes, como o da ONG TVer durante o governo municipal de São Paulo de Marta Suplicy, citado inclusive no livro “O Afeto Autoritário”, de Renato Janine Ribeiro. Renato, aliás, não se contenta em criticar a mídia, como Juremir, mas também apresenta sugestões para melhora da qualidade da televisão brasileira.
O cidadão brasileiro também não é só vítima, segundo Juremir: a classe-média, por exemplo, é um conjunto de pseudo-intelectuais, consumidores de cultura de fácil digestão que lhe faça parecer inteligente. A elite, proprietária dos veículos de comunicação, alimenta esse mercado de consumo, e dá visibilidade aos “notáveis”, gerando uma idolatria massificada.
O livro de Juremir deixa na cabeça dos leitores uma pergunta decisiva: há algum modo de mudar a realidade? A obra é de um pessimismo profundo, um tanto quanto apocalíptico. Contudo, aqueles que crêem em um mundo melhor lutarão por ele e, caso bem equipados e baseados em ótimos argumentos, conseguirão um espaço, ainda que pequeno, para a ressurreição do jornalismo de qualidade.

 

Mariana Barbosa Ferraz Gominho

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