A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia,
No entanto,
Os pensamentos
Não aderem
Ao império do mármore:
A bem da verdade,
São vulcânicos desertos
Do Saara e do Mojave!
A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia:
Penso nos entes
De antártico
Coração transformando
Mares majestosos
De candura e crisálida
Em infinitas úlceras multiplicadas
Cuja missão é criar bactérias
Quais sepulcralizam a alma.
A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia:
Não obstante
A brisa malina,
Os condôminos de rua
Deitam —
Prematuramente —
Na sepultura
Ao se tornarem
Almoço ou janta
Da nossa venerável
Sociedade fraternal,
Nobre, magnânima, humana!
A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia:
A tristeza gélida
Empedra a lareira
Dos solares sentimentos,
Matando os sonhos
E seus rebentos.
A atmosfera fria
Prepondera
No corrente dia:
Nada perto ou equidistante…
Nada ao longe…
Nada aquém…
Nada além
De hipotérmicos,
Decrépitos
E esqueléticos
Horizontes!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
Comente!