Hoje acordei sem sol
Minha manhã estava nublada
Com respingos de angústia
Uma fala persistia marcada
Num canto obscuro de lástima
Minha manhã estava nublada
Com respingos de angústia
Uma fala persistia marcada
Num canto obscuro de lástima
Pensei em arrependimento
Procurei não muito refletir
Solitariamente, quis rir
Mas algumas lágrimas nasceram
E rolaram por uma face
Que ao perceber o reflexo
Não reconheci, jurei que não vi
Fui apresentado à minha dor
Ela sorriu-me, reconhecendo vitória
Quem é essa que me rouba a aurora?
Faz meus dias esvaídos de simetria
Por ora, me esqueço
Para não cair no abandono
Mergulho na inércia do não-saber
Mesmo martelando na cabeça
A idéia do não-querer
Sou apenas o resumo da mesa posta
O resto da janta de ontem
Sou xícaras lavadas de café da manhã
Servido em tom de desapego
Transa sem chamego
Solidão no calor do abraço
Desconcentrado estou
Não foi você que vi
No escuro do meu quarto
Não era tua voz que ouvia
Era o som da falta
Que outro me faz
A falta do que não tive
O acaso me procurou à noite
Me fez sorrir bravamente
Amanhã nascerá o sol, não esqueça
Eu não acreditei e dormi
Sonhando com raios ultra-violeta
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