Retarde o meu prazer
Retarde a minha morte
Retarde o meu poder
Retarde a minha sorte
Minha vida eterna
Meus pecados mundanos
Essa linda terra
Meu tenso pranto
Pra quê chorar?
O meu canto é atrás
Pra quê brochar?
O teu antro é voraz
Te peço minha vida
Te peço minha morte
Não quero bebida
meu corpo é inerte
Que deus que me salva?
O Diabo é denso
Que deus que me encanta?
Viver é consenso
Me tarde, repete
Me chora, meu canto
Me viva, que vida!
Embora, o encanto
Se foi, ou se vai
Voltou de manhã
Um dia, que dia!
Nem tanto, exagero.
Exagero, e pranto
Escondido no pano
Mentiras e morte
E vida e pano
Sem tanto, sem nada
Um canto, estranho
Tão grande! Tão nada!
Safada, sou fada
Madrinha ou do dente
Mas passo adiante
Encanto não mente
Mentira, amante
Minha vida é terna
Minha vida eterna
Minha vida é terra
Mas não sei andar
Pra quem eu escrevo
Motivos, motivos
Sou eu escondido
Sou grande, iludido
Quem sabe o tempo
Ainda tem volta
Quem sabe é uno
Quem sabe se molda
Quem sabe eu peço
Imploro ao tempo
Me volta, corrige
É tão desencanto
É tanto futuro
Sou tanto passado
presente, eu fujo
que tudo é tão sujo
Mas Tempo, te peço!
Se és tão poderoso
Corrige o fracasso
Sou eu o culpado?
Não acho que sou
Mas tanta matéria
É toda minha culpa
Se sou essa capa
Pois sou capa dura
É tanta matéria
Que vida tão dura!
Mas fui bactéria
e prana, nirvana
Supere o homem!
Pra cima ou pra baixo
Sou eu degradado
Sou eu um macaco?
Um homem, e grande!
Ou puro abandono
Se corro ou se salvo
Culpado e humano
Um deus suicida
Tão preso em seu canto
Sou mais um deus morto
Mas que desperdício!
Se mato quem amo
Sou mais um humano
Pois culpa é meu manto
E ódio minha cruz
Se crucificado
Lavasse pecados
Correndo iria
Ao encontro dos pregos
Mas sei que sou fardo
Sou eu um fracasso
Sou predestinado
à vida que falto.
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