Novo dilúvio
Um aparelho de barba, cego,
não é mais triste
do que a escova de dentes esquecida,
sentimento de que tudo se foi.
Um sabonete com as marcas
do último abraço são
laços jogados para sempre no túnel escuro
do infinito.
Uma xícara partida em cima da mesa,
sangrando perdas e sorrisos,
é apenas um lapso indizível
da vida.
Chinelos revisitados
são transeuntes de um coração
exaurido,
consumido pelo dilúvio.
O amor é um cadafalso em cada corpo.
A invenção de todas as coisas
Um menino conhece mais coisas do que Deus.
Inventa muros e guerras, borboletas e livros.
Tenta conjugar na pele o
nome de todos os labirintos.
Reflete a imagem do ser interno
nas águas dos olhos.
Transmuta-se em som, silêncios, paredes.
Refaz toda a obra da criação. Estrelas no vazio.
Somente a um menino serão entregues
as chaves do paraíso.
Um guarda chuva . . .
Um guarda-chuva esquecido.
O tom que a velhice chegou.
Mas, será que realmente mudamos
ou são apenas nossas mãos?
Angel Cabeza, poeta, cursou letras. Nasceu no Rio de Janeiro (RJ)
aos 31 de janeiro de 1980. Participou da antologia Painel Brasileiro de Novos Talentos 10, da Câmara Brasileira de Jovens Escritores. Publicou textos nas revistas literárias Famigerado e Revista da Bula, e nos sites Casa da Cultura e Gaveta do autor.
Atualmente, desenvolve projetos para dois livros: um de prosa e outro de poesia.
Para conferir prosa e poesia do autor visitem o blog http://www.angelcesar.zip.net
Contatos pelo e-mail angelcabeza@oi.com.br
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