Simplicíssimo

Os patos

Quando o inverno chegar
Ou o outono se for
Chegará o frio do mar
Mudará o ar sua cor

E assim também os ânimos
Daqueles que vivem sozinhos
Cabisbaixos e tristonhos
A seguirem seus caminhos

Pisando o chão de orvalho
E vendo a chuva a escorrer na janela
Ou a molhar seu agasalho
Enquanto o vento enegrece a vela

Pois já partiram para o sul
Os que sabiam de antemão
Que mais difícil que este azul
Seria a solidão

Ah! Quando o inverno chegar
Ou o outono se for
Congelará a alma a estar
Sem par a tremer de dor

E sem poder partilhar segredos
Ao ver a noite cair no dia
Tomarão conta os medos
Bem mais cedo que se previa

“Coragem” dizem dos que esperam
Sem nenhuma pressa em existir
Alheios ainda mais do que eram
Mas com a ânsia de resistir

E deixam estar até voltar ao que eram
E outro mesmo rumo seguir
Certos que sempre estiveram
Da primavera chegar quando o inverno de partir

Eduardo Hostyn Sabbi

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