Os gritos clamavam por uma estranha reparação:
que a triste morte da menina,
servisse de exemplo para a nação,
E que regredissemos à antiga lei do Talião.
"Olho por olho, dente por dente"
Eis o pedido da manifestação.
toda aquela agitação,
Logo percebi a armadilha por trás da manifestação,
Que somente clama por reparação,
na morte de alva e rica representante da nação.
Iludindo os atrofiados olhos da população,
morrendo diariamente,
esquecidos nas periferias,
feito indigentes,
sem helicóptero, TV ou manifestações
a clamar pela justiça de suas execuções.
Pobres e negros, também gente,
Que morrem sem honras ou canções.
que estão por trás das manifestações,
gritam e choram à procura das razões,
de tamanha violência,
que os tiram de suas mansões.
é sucesso de crítica e público.
E até mesmo os excluídos já o adotaram
seguindo o lema do ter como valor único.
com uma anoréxica ao lado,
Todos querem Uma casa de verão
e um "apê" todo equipado.
Todos querem um celular de última geração
e um Óculos Armani espelhado.
Porquê os excluídos não?
Só que deram o azar de nascer
justamente onde ninguém quer ver.
Nos morros e favelas,
campos e sertões,
empurrados para bem longe de suas parcelas,
Onde estes poucos cuidam dos bilhões
Insiste a irritante pergunta burguesa.
Hipócritas, fingem não ver a causalidade,
em sua mais pura simplicidade:
a lei da ação e reação.
no seio da natureza,
quando estes são acuados,
urge o instinto de auto-defesa.
e contra a natureza,
não há Talião que aguente,
O tal do "olho por olho, dente por dente",
Jamais resistirá a pura causalidade,
Sempre premente.
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