Quando sinto
Já é domingo.
Visto uma sainha
Aquela blusa justinha
E saio direto:
– Tchau, vou ao Beto.
Cabelo cor de palha
(Meu charme não falha!)
O sapato de salto
Me deixa no alto
O corpo torneado,
Muito bronzeado,
Sempre malhado,
Com algum silicone
Justificando o nome.
E se há um oco
Vai muito reboco,
Sem contar a pintura,
Essa grande mistura
Como massa corrida
Que me deixa lisa
Como a Mona Lisa.
(Seja lá quem for
que de arte tenho horror
e nas colunas, na lista,
não consta essa bisca.)
Assim como o ar
Não me falte o Credicard
Menos ainda o celular
(Esse o número, só ligar.)
Nem a quinquilharia
Que carrego dia a dia,
Toda sempre dourada
Combinando com a pele plastificada.
Anéis, colares, pulseira,
Se exagero até piteira
E aquela tatuagem
Que me dá coragem
De mostrar o bumbum
Para qualquer um.
De conversa eu gosto
Mas também aposto
Em algum big brother
Ou no Harry Potter.
Adoro curtir a Xuxa
(Ela também é gaúcha)
E de muita leitura
Para ganhar cultura
E, quem sabe, as malas
Para a ilha de Caras.
Encerro esta parte
Do que aprecio na arte
Lendo o Alquimista
Desse grande artista
Que é genial
The best intelectual.
Aí está, sou assim,
E peço que gostem de mim
Pois é difícil pagar analista
Que só quer receber à vista.
(E esta pensão safada
que está sempre atrasada!)
Vivo bem, fora do mundo
E só me chateia, lá no fundo,
Quando o Macho Man na rua
Me cobiça e grita: – Perua!
Outono2003
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