Na pacata cidade de Limão com Mel, José Silva e Castro um senhor, com pouco mais de 55 anos de idade, calvo, baixinho e barrigudo, tentava pela milésima vez concluir um dos seus projetos. Ele passava horas e horas de seu dia, e perdia noites de sono no fundo de sua casa. Onde tinha instalado uma pequena oficina, e possuía lá alguns pregos, algumas ferramentas, parafusos, porcas e muito ferro velho…
O Aloprado, como era popularmente conhecido, por ali. Tinha umas idéias estranhas e malucas, sempre que podia e dispunha de tempo, se fechava em sua pequena oficina em mais um de seus engenhosos projetos. Ele martelava, martelava e martelava, achando que essa ultima idéia, na qual já vinha trabalhando há alguns dias iria dar certo e ser um sucesso de vendas por toda a região.
Dona Agripina, uma senhora gordinha, de cabelos grisalhos, sua esposa a mais de 45 anos, não se conformava com as loucuras de seu marido. Tinha certo receio, em sair à rua, devido às pessoas que a abordavam questionando sobre o comportamento do seu marido:
-Olá Dona Agripina, tudo bem com a senhora?
-Tudo bem sim minha filha… Graças a Deus, tudo bem!
-Bem mesmo deve estar seu marido, né?
-Ai, ai… O Zé, ta lá em casa…
-Coitado né? Num sei como à senhora agüenta ele, cada dia parece que está caducando mais…
-…
-Dona Agripina, porque a senhora não o leva a um médico, pra ver esse probleminha dele…
-O Zé, num tem mais concerto não…
E sempre era assim, cada um que a parava na rua, vinha com essas perguntas, que a deixava em situações embaraçadas! Mas Agripina, pensava consigo mesma que nada podia fazer, tinha agüentado o Zé por tanto tempo, e não ia ser agora que iria deixar de aturá-lo…
-O Zé???- gritou indo levar um café para ele.
-Que foi “veia”?
-Trouxe um cafezinho pra você.
-Já abro a porta…
Pouco segundos depois, ele aparece na estreita porta de madeira da sua oficina, com manchas de graxas pelo corpo todo, lambuzado de suor, com uma chave de fenda na mão direita e com um mau cheiro de dar dó. Sua esposa entrou em seu cubículo, e passou os olhos rapidamente na oficina, tentando imaginar o que ele aprontava dessa vez.
-O Zé…
-Diga.
-O que que você está fazendo?
-Uma máquina.
-Máquina de que?
-De desentortar bananas!
-Quê!!!
-Isso mesmo. Uma máquina de desentortar bananas… E só colocar a banana torta na máquina, que ela sai retinha… Vai ser um sucesso e tanto. Depois de tanto tempo, nós dois vamos ficar ricos Agripina. Ricos!!!
Coitada. Dona Agripina perdeu o ar, começou a tossir fortemente, cambaleou para um lado, depois para o outro, devido à surpresa de saber da idéia louca do seu marido. Ele largou tudo que estava nas mãos e correu em direção a Agripina, deu umas palmadas na costa dela e argumentou:
-Você está bem?
-Estou sim…
Após se recuperar, ela ficou olhando para a cara dele, pensando em quem compraria uma máquina daquela… Só se essa pessoa fosse tão louca quanto seu marido. Até pensou em recomendar um médico ou um psiquiatra para ele, mas ficou quieta, sabia que ele não iria aceitar sua sugestão. E preferir acreditar que aquilo era apenas problema da idade!
– Vou lá beber um copo de água com açúcar e já volto.
E foi… O Zé ficou lá… Com seus trambolhos.
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