Avatar sem girassol
Em que o vácuo da claridade prepondera:
O reino da contraluz,
Ao subjugar-nos com o seu viço
De leonina fera,
Faz com que tenhamos o insólito poder
De não estacarmos a nossa visão
Na dimensão da epiderme do oculto,
Mas de forçarmos o olhar
A viajar para muito além
Das vísceras da cratera,
Jacentes ainda no átrio do mundo.
Confinado na órbita
Do breu de orvalho,
O pensamento deixa
De ser a inane rocha
E passa á condição de fluxo:
Eterna queda d’água harta
Em mágico plenilúnio.
Leve e sem abrir mão
Da sua índole inconsútil,
O pensamento, ao despir-se
Da armadura enclausurada
No dna do universo fabricado,
Deixa pulular,
Em seu solo recém libertado,
A flora do Nirvana da razão
Quando sob o soberano jugo
Da óptica betúmica imensidão.
Então, sob o manto do visual negrume,
A percepção apura-se
Pois se dissolvem as onipresentes mentais brumas
E a verdadeira cromática da claridade,
Triunfante, assoma e todo o córtex invade
Como se fosse a glória da metástase!
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