Simplicíssimo

A semântica do escuro

Avatar sem girassol

Em que o vácuo da claridade prepondera:

O reino da contraluz,

Ao subjugar-nos com o seu viço

De leonina fera,

Faz com que tenhamos o insólito poder

De não estacarmos a nossa visão

Na dimensão da epiderme do oculto,

Mas de forçarmos o olhar

A viajar para muito além

Das vísceras da cratera,

Jacentes ainda no átrio do mundo.

Confinado na órbita

Do breu de orvalho,

O pensamento deixa

De ser a inane rocha

E passa á condição de fluxo:

Eterna queda d’água harta

Em mágico plenilúnio.

Leve e sem abrir mão

Da sua índole inconsútil,

O pensamento, ao despir-se

Da armadura enclausurada

No dna do universo fabricado,

Deixa pulular,

Em seu solo recém libertado,

A flora do Nirvana da razão

Quando sob o soberano jugo

Da óptica betúmica imensidão.

Então, sob o manto do visual negrume,

A percepção apura-se

Pois se dissolvem as onipresentes mentais brumas

E a verdadeira cromática da claridade,

Triunfante, assoma e todo o córtex invade

Como se fosse a glória da metástase!

Jessé Barbosa de Oliveira

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