Em minha cidade natal, numa sala do Cartório de Registro de Notas e Ofícios, por detrás da mesa do escrivão havia um quadro pendurado na parede, com aparência de antiguidade nele se via uma linda morena, em pose para lá de sensual, deitada em decúbito lateral direito num divã vermelho. cabelos presos em um tradicional coque, a mão apoiando o queixo.
O inacreditável é que aqueles cabelos, o penteado, o olhar, as sobrancelhas, o nariz, a boca, o sinal acima dos lábios, as mão, dedos, formato das unhas até as orelhas eram iguais a mim. O mesmo rosto, a semelhança era indiscutível.
Em várias ocasiões perguntaram-se sobre as circunstâncias em que posei e quem era o pintor, visto que a assinatura era ilegível e nem tinha idéia do que falavam.
Até que surgindo a oportunidade e, recordando-me do fato pedi para ver o quadro, nisso reparei que os funcionários estavam boquiabertos, todos olhavam para mim com se estivessem na presença de uma artista, alguém muito importante … De imediato fui conduzida à sala do escrivão mor.
Pena que aquele colo, os seios, quadril, braços, pernas e delicados pés nada tinham a ver comigo…
Marilene Moreira Neto/Mainene – brasileira, solteira, bacharel em Direito, 50 anos residente em Mogi das Cruzes
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