*O que venho escrever é resultado de uma discussão feita na disciplina de ética e psicologia.
Mas, em que tipo de sociedade vivemos? Ah, é na sociedade capitalista ou, capitalística como dizem os analistas institucionais. E no que isso implica? Ah, implica principalmente em consumismo. Em produção de necessidades que se satisfazem, temporariamente, quando compramos o que nos parece faltar. E a esse jogo de produção e aparente satisfação se soma mais um item: o sucesso. Aliado a todas as coisas que nos faltam para sermos felizes – seja lá o que significa isso – junta-se a fama ou o sucesso.
Tal idéia de busca pelo sucesso está ligado ao que Jurandir Freire Costa chamou de “ideologia do bem-estar”. Nessa ideologia, o que importa é o reconhecimento social que o sujeito consegue ter. A medida para esse reconhecimento é a visibilidade social. Para isso, para ter fama e ser visível socialmente, muitas pessoas são capazes de qualquer coisa. Um exemplo disso, relatado no texto que li, dizia que um bancário de vinte e seis anos estava violentando jovens de dezesseis anos e transcrevendo suas experiências para posteriormente publicá-las em livro que ele lançaria, se não tivesse sido descoberto. A barbárie do caso está no fato de uma pessoa utilizar-se de experiências legalmente e eticamente proibidas para se promover e, conseqüentemente, alcançar o sucesso. Esse poderia ser visto como um exemplo ao extremo para se chegar ao sucesso, mas quem não se lembra – e pra quem não viu vem aí de novo – os Reality Shows? O sucesso pela visibilidade social através da mídia.
Bem, mas não é exatamente nesse ponto que quero chegar. O que escrevi até agora não é novidade. O que quero questionar é até que ponto a internet, por vezes, não funciona dentro da mesma lógica visando o sucesso. Sei que estou me utilizando dela para divulgar minhas idéias também, mas acredito que o que escrevo, e o que meus colegas autores do Simplicíssimo escrevem tem algum fundamento, ou alguma utilidade social em última análise bem como muitos sites de pesquisa etc e tal. Refiro-me aos tão famosos e disseminados Blogs. Mas não são quaisquer blogs, senão aqueles que servem simplesmente como diário pessoal. Já quebrei cabeça tentando entender qual o sentido de se ter um blog onde se escreva coisas da vida diária de uma pessoa, assim, de maneira que qualquer um possa entrar e ler o que está escrito de mais íntimo dessa pessoa. O máximo que consegui conclui é que no fundo, tais tipos de blogs resultam de duas coisas: ou essas pessoas são muito sozinhas ou não têm tempo para a vida social sendo por ali seu meio de “convívio”, ou é resultado de uma simples vaidade narcísica. Porém, de qualquer forma, seu fim último parece ser a busca por uma certa visibilidade social com algum grau de sucesso implícito. Caso contrário, não necessitaria ser um “desabafo” pela internet. Lembro-me bem que quando tinha mais ou menos nove anos de idade costumava escrever em um diário meu cotidiano escolar, além da minha paixão platônica por um colega de aula. Lembro-me também, que esse diário era fechado com cadeado e não deixava ninguém, mas absolutamente ninguém vê-lo. Até que um dia, o infeliz do meu irmão achou a chave e leu ele. Queria morrer! Citei o fato para fins de comparação. Tudo que eu queria – e sei que tinha várias amigas que queriam isso também – era o desabafo (pelo mesmo motivo que muitos têm blogs), mas um desabafo que ninguém pudesse ficar sabendo a não ser eu mesma (ao contrário do que acontece na internet). O que questiono, para concluir, é para que servem tais blogs – em última instância – senão para alcançar um certo grau de sucesso e visibilidade social. Alguns poderão dizer que servem para divulgar outros sites e blogs, mas nesse sentido cairíamos no mesmo lugar: divulgar para quê mesmo? Divulgar para que esses sites e blogs também tenham sucesso. Outros dirão que os blogs funcionam como uma válvula de escape. Tudo bem, mas essa válvula precisa ser aberta para todos, não bastariam mais os simples diários, com ou sem, cadeado de anos atrás? E os amigos? Desisto. Se alguém tiver uma idéia melhor me fale, de repente eu mudo de opinião sobre isso, ou não.
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