Simplicíssimo

O Mito da Harmonia Universal

Embalados tanto pelas belezas espetaculares de imagens vindas dos mais distantes recônditos cósmicos quanto das profusões de cores e formas terrenas, os defensores de uma tal "harmonia universal", acreditam-na facilmente observável em uma pretensa magnífica e insuperável organização de absolutamente tudo ao redor. Segundo este pensamento, esse "tudo" está maravilhosamente acertado para funcionar na mais divina paz e gostosura.

Contudo, parece mais razoável a idéia de um caos absoluto, uma vez que a harmonia pressupõe serenidade, suavidade, proporção, ordem e simetria, o que não parece ser o que ocorre, se olharmos mais atentamente.

Podemos observar no espaço cósmico, por exemplo, uma sem-número de fenômenos catastróficos e malévolos, a exemplo das galáxias em colisões, dos choques entre corpos celestes gerando extraordinárias e devastadoras explosões ou até os buracos negros (ainda tão desconhecidos…) engolindo vorazmente tudo ao seu alcance. Não se vá falar em harmonia ao povo de algum planeta que se encontre em meio ao pânico de uma colisão iminente.

Em nosso insignificante planeta também é fácil notarmos infinitas demonstrações da mais absoluta imperfeição e falta de harmonia. Podemos citar o exemplo dos dinossauros que, de tão imperfeitos, já nem existem  mais há milhões de anos, pois, por motivos ainda desconhecidos, não conseguiram as necessárias adaptações ao meio; ou seja, não alcançaram a harmonia e perfeição exigidas naquele momento.

E o que se dizer das tantas disfunções orgânicas em nossos vulneráveis corpos?

Oras! Houvesse de fato uma harmonia universal, não teríamos o confronto entre o bem e o mal (e tantos outros opostos), pois estes sequer existiriam. Aliás, não haveria qualquer espécie de confronto, nem ao menos leões destroçando e devorando gazelas nas savanas africanas, pois o que leva à violência e destruição  não pode ser harmonioso, de forma alguma (não se pode esquecer de que os predadores atacam e matam cruelmente suas presas, despedaçando-as em seguida, muitas vezes a morte somente sendo consumada após longa agonia e sofrimento em meio a jorros sangrentos).

Portanto, parece mais acertado acreditar que as coisas são como estão – neste momento – simplesmente porque foram se ajustando através de muitos "erros" e "acertos", com o passar do tempo. Assim, não havendo, de fato harmonia, mas simplesmente um equilíbrio (ou a sua busca) estabelecido entre forças que disputam espaço, não sem muitos confrontos e destruição.

Leandro Laube

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