Asdrubal vivia na floresta do silêncio. Um lugar ermo, onde nem mesmo os leões se permitiam urrar, ou os rouxinóis brindavam a mata com sua canção melódica e harmoniosa. A cigarra era expressamente proibida de cantar, e o galo então, por mais que dissesse ser importante acordar a floresta n’aurora, também era expressamente proibido de cacarejar. Quando isso começou, e quem começou nunca se soube, pois obviamente foram as últimas coisas faladas na floresta. O fato é que com o silêncio veio á tristeza, e com ela o desânimo, e resultado disso a floresta antes vívida tornou-se tão pálida e tão lúgubre que nem a um cemitério poderíamos compará-la, pois nos cemitérios ainda se permitia o agouro das corujas. Triste, um sapo na beira da lagoa observava ao longe a floresta do das discussões, onde todos falavam, urravam e divergiam, ora em tom ameno, ora com palavras mais fortes. Sem muita perspicácia ele ainda não compreendia porque ao contrário de sua morada, seus vizinhos progrediam, mesmo sob tumultuosos debates e discussões acaloradas. Ele sempre imaginou que o silêncio construía. Mas estava enganado, pois afinal, não há nada mais silencioso que a morte.
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