Queria variar um pouco, abandonar de vez o tema copomundístico. Pretendia falar sobre psicofarmacologia dinamicamente informada, estabelecendo uma ponte com a realidade das prescrições médicas do SUS e de alhures. As idéias mal começam a se concatenar, talvez leve umas duas semanas para emergir um texto.
Ma perdono signori: la azzurra è tetra (ou algo assim) e Zizou zifou bonito. Aquela cabeçada foi uma idiossincrasia monstruosa! Tanta provocação que este francês deve ter ouvido na vida, por que foi ceder à raiva justamente no momento em que seu time mais precisava de calma?
A pergunta é daquelas que jamais se responde, a impulsividade faz parte da natureza humana, tem lá a sua serventia e Zidane – que está bem longe de ser o cidadão mais impulsivo do planeta – é humano, bolas! (Peço perdão pelo trocadilho).
O que ocorre é que o cara é muito visado por ser craque e estava participando da partida de futebol mais visada do planeta. O qualificativo de erro cabe, portanto.
Outro aspecto curioso foi a forma escolhida por Zizou para reagir às provocações do zagueiro italiano: não um coice, nem um murro, mas uma chifrada pra ninguém botar defeito. Chifrada!
Chifrada que levantou novamente a lebre da discriminação racial. É de conhecimento notório: há suspeita de que o italiano teria chamado Zizou de “terrorista sujo”, numa referência a sua herança muçulmana.
Um parlamentar italiano mais exaltado jogou lenha na fogueira: saudou o seu selecionado de “lombardos, calabreses e napolitanos” em oposição ao time francês. Ele afirmou que a seleção francesa não seria “pura”, teria “traído suas origens” ao admitir negros e muçulmanos na equipe.
Ma guarda bene! Até eu que não manjo de história sei da enorme influência muçulmana na constituição dos povos da Europa, inclusive os do sul da Itália. Só para citar uma curiosidade que eu lembro: todas as orquestras eruditas da Itália e do mundo trabalham com o tímpano, instrumento de percussão trazido à Europa pelos exércitos turcos. Outra: nossa matemática depende do uso de algarismos arábicos. Mesmo na Itália.
Sugiro ao parlamentar-palhaço que disse aquele monte de asneiras e conseguiu envergonhar seu próprio país que passe a fazer seus cálculos com números romanos. Talvez assim ele caia em si.
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