Foi essa facilidade que eu tenho em adivinhar o outro que me permitiu compreender certos aspectos da natureza humana. Espécie de intuição que me acompanha durante a minha vida. Numa manhã chuvosa eu estava descansando na varanda, quando num dado momento passei a compreender melhor o porquê das pessoas detestarem tanto a solidão. Afinal, o homem é um ser sociável que necessita interagir com as pessoas diariamente.
Muitas vezes a solidão pode até assustar, se as pessoas imaginam a vida do outro sendo melhor que a sua, quando deveriam saber lidar melhor com suas angústias. É difícil conceber que todos precisamos aprender a viver sozinhos, curtir a solidão que nos ensina a necessidade de ouvir mais vezes o silêncio que vem de nossas almas. Sem essa introspecção diária fica difícil resolver essa questão. A vida nos diz que dentro de nós mora uma imensa solidão, e que é preciso admitir essa verdade para podermos compreender melhor o outro, ouvir seus reclamos e aprender com a vida. Aprender, sobretudo, sobre nós mesmos.
Recife, 19 de abril de 2006
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