Simplicíssimo

A hora e a vez dos velhos (parte I de inúmeras)

Um adolescente. O corpo cresce desproporcionalmente junto à mente repleta de idéias e vontades. Não pode realizar todas, capricho das regras, poder dos mais velhos. O corpo esbarra na porta, a vergonha sobe ao rosto com os amigos, grupo cada vez maior. A ânsia de aprender supera as cicatrizes do descobrimento. O olhar sempre para frente avisa: existe um longo caminho a percorrer.

Um velho. O vigor e a disposição já não são os mesmos de outrora. Suas deficiências já não permitem executar todos os desejos, capricho da vida. As regras agora estão com os mais novos. O corpo não obedece e a iminência de uma queda é um risco presente. O grupo de amigos está menor, muitos dos convivas já partiram e a memória … “o que eu estava dizendo mesmo? … Que vergonha!”. As cicatrizes são as do passado e muito podem ter a ensinar. No rosto o olhar ao longe que contempla o caminho já trilhado.

Embora o texto acima possa parecer um tanto depressivo, é também bastante representativo da imensa maioria de velhos que habitam nosso planeta. E, tendo voltado meus estudos para a chamada Terceira Idade, surgem várias idéias e indagações que me inquietam e que gostaria de compartilhar com outras pessoas. Principalmente ao ver a superficialidade com que a mídia (sim porque o tema está na moda) aplica a indevida maquiagem ao problema, oriunda certamente da necessidade de não colidir com os preconceitos sociais, uma vez que não daria Ibope. O contrário se pode dizer das imagens de “velhinhos” felizes, sorridentes e ativos em exagero. Como vende. É o que todo mundo quer ser quando … envelhecer.

Pois a convivência com os problemas decorrentes de aspectos físicos ou psicológicos é ponto comum em qualquer fase de vida. Não deixaria de existir com o passar dos anos. Seja qual for o momento, a busca de uma harmonia destes fatores se faz imprescindível para manter o sentido da existência. Não há apenas risos, nem há apenas dor. A valorização do idoso deve estender-se a todas as suas capacidades e também na aceitação de suas deficiências. Que bom seria se pudéssemos tê-los tão saudáveis quanto é possível, assim, de uma forma distinta para cada um.

Eduardo Hostyn Sabbi

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