Simplicíssimo

Rock Progressivo (part II)

Realmente, o auge do progressivo se deu na década de 70, quando o estilo fez mais sucesso (será?) e onde formaram-se a maioria das bandas mais famosas. Hoje em dia, no mundo artístico-musical e do “showbizz”, ele praticamente extinguiu-se e só é ouvido por poucos aficcionados; caiu de moda, inclusive é um “palavrão” em certos meios. Tem apelo comercial quase zero – é pouco vantajoso para uma estação de rádio jovem tocar uma música de 10, 15, 20 minutos sem colocar um intervalo comercial. Várias eram as bandas que dominavam o cenário do progressivo nos anos 70. Entre as principais podemos citar Pink Floyd, Rush, Yes, Genesis, Emerson Lake and Palmer, Jethro Tull, Gentle Giant, Van der Graaf Generator, Focus, King Crimson, Premiata Forneria Morconi, entre outras. Entre as nacionais, podemos destacar: O Terço, Secos e Molhados, Casa das Máquinas, O Som Nosso de Cada Dia, os Mutantes fase pós-Rita Lee, Som Imaginário, etc. Musicalmente falando, existe algo de muito peculiar no progressivo que o torna muito original como estilo, diferenciando-o de outros gêneros musicais contemporâneos: a característica de pegar um tema, um solo, um riff, e a partir dele ir montando toda a música, formando uma continuidade. É como se, por exemplo, repetíssemos uma seqüência de duas notas três vezes, e na quarta vez colocássemos outra nota tocada por outro instrumento, na quinta vez montaríamos um acorde, na sexta vez colocaríamos uma melodia em cima desse acorde, na sétima vez tocaríamos a mesma sequência mas num outro compasso, e assim a música vai se construindo. A própria música minimalista pode-se dizer que se originou do progressivo. Talvez seja dessa característica “seqüencial” que tenha surgido o termo “progressivo”. Ou seja, na verdade, no progressivo uma parte de uma música depende da parte anterior, há uma hierarquia na sequencia das notas, é diferente da música popular comum que tem uma introdução, uma estrofe, um refrão, aí volta para a estrofe, e aí acaba a música, etc. É um estilo que se repete pouco, musicalmente, que tem essa preocupação em não se repetir. É como uma estória que vai sendo contada, tem início, meio e fim, não é uma coisa cíclica, não é um círculo vicioso. Sem falar nas letras e principalmente nas capas dos discos, que é outra coisa peculiar do estilo. As letras têm muitas vezes conteúdos esotéricos e misteriosos, que falam de temas míticos e místicos, algumas vezes medievais, outras futuristas, quando não temas existencialistas. Sem dúvida é uma música bem “viajante”. Certa vez um jornalista usou o termo “A explosão colorida e misteriosa do Rock Progressivo”. Quanto às capas, às vezes quando as visualizamos temos a impressão que estamos em outro planeta, na maioria das vezes são multicoloridas e retratam realidades fantásticas e parecendo que saíram de livros de ficção científica. O artista plástico Roger Dean ficou famoso na década de 70 por desenhar as capas do Yes. Muitos críticos execram o progressivo considerando-o muito chato, anacrônico e rococó. Eu particularmente não acho que às vezes eles não tenham um pouco de razão, mas também acho que eles caem na intransigência e na radicalidade, pois considerar que todo um estilo daquela monta que foi representado pelo progressivo não tenha nada de bom é uma falta de visão, um modismo e também uma burrice. Mas enfim, o que é modismo passa e a boa música fica. Espero.

Fabiano Carvalho

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