A mãe que eu não tive
Brinca comigo todas as manhãs
Em meus pensamentos
A mãe que eu não tive
Abre meus cadernos
Se interessa pelas minhas coisas
Lê nos meus olhos a aflição do aprendizado
Que vai além dos cadernos
Além do que posso dizer
Do que posso querer
Essa mulher forte e bela
Sempre me transfixou com seu olhar
Olhou tão forte que me perdeu lá atrás
E se perdeu lá na frente
Sem conseguir me alcançar
Hoje tudo é em vão
Cansei de tentar alcançá-la
Não voltou para me buscar
Fechei meus cadernos
Sentada a sorver a vida
Olho minha filha
Com os mais curtos olhos que se pode ter
Que se pode permitir
Tento vê-la apenas num único momento
O exato momento em que ela precisa de mim.
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