Simplicíssimo

Cor de carne

Ela se esmerou. Cabelos, unhas, pêlos. Perfume e batom. Veludo encarnado.
Rosas e almofadas. Trilha suave, montes de velas, grandes e pequenas. Cor de sangue. Às dez, o quarto ardia como o inferno.
Nua, ela esperava prostrada aos pés da cama. Humilde. A coleira de veludo em contraste com a pele alva, as chamas crepitavam.
Entrando silenciosamente, ele tomou nas mãos uma das velas. Cutucou-a com o pé e ordenou que deitasse no chão, olhos fechados.
O tempo escoava e nenhum dos dois fazia movimento algum.
Por fim, sem conter a agonia, ela suspirou. Imediatamente, ele tingiu-lhe de rubro a pele, derramando a vela sobre os mamilos.
Gemido, lágrimas, alívio. Agora estava quase em paz. A queimadura atenuava o ardor da alma.

Livia Santana

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