Simplicíssimo

O pai e o filho

O FILHO SENTADO, TEM À SUA ESQUERDA UMA CASA SIMPLES FEITA DE PAU-A-PIQUE E COBERTA DE PALHA, À SUA FRENTE, EM CIMA DE DUAS PEDRAS, O QUE SERIA UM FOGÃO, UMA VELHA PANELA COM ALGUMAS FOLHAS VERDES, FATIADAS E POSTAS EM ÁGUA, FERVE…

O FILHO TEM SOBRE SUA CABEÇA O SOL FORTE E O CÉU AZUL, E SOB OS SEUS PÉS, O SOLO ÁRIDO E SEM VIDA. À SUA VOLTA O VAZIO VAI ALÉM DO HORIZONTE. QUEM O LIVRA DA SOLIDÃO É SEU PAI, QUE A POUCOS METROS À SUA FRENTE, TRABALHA…

O PAI POR SUA VEZ, COM AS COSTAS VIRADAS PARA O FILHO, TEM À SUA DIREITA UM GALPÃO PEQUENO CONSTRUÍDO DA MESMA FORMA SIMPLES DA CASA, O SOL FORTE E O CÉU AZUL SOBRE SUA CABEÇA, O SOLO ÁRIDO E SEM VIDA SOB OS SEUS PÉS, E À SUA VOLTA O VAZIO VAI ALÉM DO HORIZONTE…

QUEM O LIVRA DA SOLIDÃO É SEU FILHO, QUE A POUCOS METROS DAS SUAS COSTAS, PENSA E PERGUNTA:

PARA QUE FERVER ESSAS FOLHAS SE NADA TEMOS PARA COMER COM ELAS?

O PAI, COM TRANQÜILIDADE, DÁ CONTINUIDADE AO SEU TRABALHO – PASSA ENTRE ALGUMAS VARAS ALTAS E FIRMES NO CHÃO UM FIO GROSSO, COMO QUEM À ESPERA DE ALGO PARA PENDURAR E DEIXAR A SALVO DO SOLO.

PARA QUE PERDERMOS TEMPO COM ALGO QUE NÃO VIRÁ?

O PAI, COM TRANQÜILIDADE, DÁ CONTINUIDADE AO SEU TRABALHO, E LEVEMENTE VIRANDO-SE PARA O SEU FILHO, RESPONDE:

– NÃO HÁ NADA QUE VOCÊ PRECISE, QUE A NATUREZA NÃO POSSA LHE DAR.

CONTINUOU O SEU TRABALHO COM A MESMA SERENIDADE QUE HAVIA DADO INÍCIO AO MESMO.

PASSADO ALGUM TEMPO, AO LONGE, UMA NUVEM DE POEIRA ANUNCIAVA A CHEGADA DE UM REBANHO TRANSITÓRIO. ISSO DESPERTOU A ATENÇÃO DOS DOIS, O FILHO FICOU DE PÉ, E O PAI FOI ATÉ O GALPÃO E ABRIU UMA PEQUENA PORTA.


O REBANHO, AO APROXIMAR-SE, PAROU E MANTEVE UMA CERTA DISTÂNCIA, PEQUENA, PORÉM SEGURA.


PAI E FILHO, AMBOS PARADOS, APENAS OBSERVAVAM. ATÉ QUE, EM UM DETERMINADO MOMENTO, APRESENTOU-SE À FRENTE DO REBANHO UM NOVILHO BONITO E SAUDÁVEL, QUE DE FORMA TRANQÜILA E SERENA DIRIGIU-SE ATÉ O GALPÃO E ENTROU.


VENDO O QUE ACONTECEU, O PAI VAI ATÉ O GALPÃO E FECHA-LHE A PORTA.

PARADOS, PAI E FILHO TÊM SOBRE AS SUAS CABEÇAS O SOL FORTE E O CÉU AZUL, SOB SEUS PÉS O SOLO ÁRIDO, MAS NÃO SEM VIDA, E EM VOLTA DE AMBOS O REBANHO PREENCHE O VAZIO QUE VAI ALÉM DO HORIZONTE…



“E ASSIM É O ESPIRITO QUE CRESCE, ESTE TRAZ CONSIGO A ANSIEDADE DO FILHO E A SABEDORIA DO PAI”.

Jailson Almeida

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