Simplicíssimo

Prova de Metafísica (08/05/2000)

Comente a seguinte afirmação de Aristóteles: ” então, o que, no passado e no presente, sempre foi investigado e sempre foi causa de perplexidade, a saber, o que é o ser, isto é: o que é a substância”.”

Enquanto “no passado e no presente” – referindo-se principalmente a Platão, com sua teoria das idéias – se buscava identificar a unidade última, aquilo que seria, segundo Platão a expressão do Primeiro Motor, a expressão máxima do Ser, a investigação de Aristóteles torna aí sim para buscar a explicação última para a existência das coisas, através da busca de uma noção de substância. Essa mudança implica uma alteração da pergunta “quem somos” ou “o quê somos” para “de quê somos formados”? Enquanto para Platão o homem é 2 substâncias em conflito (corpo X alma), para Aristóteles o homem, como indivíduo, é uma substância única. Assim, para Aristóteles, a substância é em primeiro lugar particular, sendo todos nós indivíduos particulares: o homem seria uma substância, a árvore outra, a lâmpada outra… No tratado das categorias, afirma-se que existiriam 10 categorias, não se podendo reduzir uma categoria à outra nem todas a uma fora da lista. Cada uma das categorias é um modo de ser, e não se pode dizer que “qualidade” ou “quantidade” são tipos de “substância”. O Ser se diz de muitos modos, estando disperso em 10 categorias, sendo a Metafísica uma tentativa de permitir uma ciência única do Ser. Toda categoria, para Aristóteles, seria uma substânciqa e esta, por sua vez, seria o ser primeiro. Substância é, para Aristóteles, aquilo do qual tudo o mais é dito, e dele próprio não pode ser mais dita outra coisa. A cada substância podem ser atribuídas qualidades, ou seja: “o piano é amarelo”; amarelo não é substância, mas qualidade do piano (objeto, indivíduo), a substância primeira. Por aproximação à substância primeira, aquela que primeiramente é, aquela à qual tudo faz referência, chega-se à substância segunda, constituídas pela espécie e pelo gênero, sendo a primeira mais substância que a segunda, por estar mais próxima da substância primeira, que na expressão máxima do seu grau de substancialidade seria o indivíduo. Enquanto a substância primeira então seria aquilo que realmente é, que não pode ser reduzido, a substância segunda delimita a substância da qual estamos falando, designando-lhe certas qualidades. Ainda, para Aristóteles, a substância se diz de 3 modos: através da forma, da matéria e do composto. Segundo ele, o princípio do indivíduo é a forma, sendo esta juntamente com o composto, anterior à matéria. A forma é aquilo que faz com que cada coisa seja ela mesma e não outra coisa. O que diferencia “OVA” de “AVO” é a forma, é a ordem dos elementos materiais. Dessa forma, na visão aristotélica, o Ser é imutável como substância primeira, podendo sofrer alterações em suas categorias e em sua matéria, sem deixar de ser o que é por essas alterações, mas não podendo sofrer alterações em sua substância primeira, pois deixaria de ser o Ser que é.

Rafael Reinehr

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