Simplicíssimo

Discurso: Coerência ou Oportunismo?

 

 Observando a enxurrada de falas, promessas e acusações deste último processo eleitoral que acabamos de vivenciar, fico pensando sobre o peso e a força das palavras. Será que elas ainda têm algum valor?
 O ato de falar, de emitir logicamente um pensamento, de se comunicar, é uma das principais qualidades do ser humano e que o difere drasticamente dos demais seres da criação. Desde os primeiros filósofos, lá no período pré-socrático, o logos, a força da razão e dessa razão expressa, comunicada e partilhada era constituinte intrínseco e preponderante da essência do humano. Justamente porque a fala não é um processo completo em si, mas a última etapa do processo da razão ou, melhor, da racionalização de um juízo.
Desta maneira, ao discutirmos o valor da fala, do poder das palavras, estamos questionamos sobre a racionalidade humana, sobre a capacidade de pensar do ser humano. 
Será que estamos pensando?
Um exemplo, se vamos ao supermercado, podemos perceber que cresce a cada dia as comidas fast-food, tudo já está pré-pronto, é só dar uma aquecidinha e comer. Isso é um reflexo do que vêm acontecendo nas outras áreas da sociedade. Outro dia, uma funcionária da minha casa disse que estava com dor de cabeça de ficar pensando, que o melhor seria não precisar pensar tanto, o bom era viver. 
Essa mulher traz apenas um relato do que, ousaria dizer, a maior parte da população brasileira acredita. Associam o ato de pensar apenas a resolver os problemas, a maior parte de cunho econômico, que lhes aparecem. São pessoas cansadas do sofrimento aos quais são expostas, provadas no sol das injustiças. E aos poucos vão morrendo, vão perdendo a autencidade de sua existência.
É quase um crime dissociar a capacidade de pensar do bem viver. Que ser humano é esse que não quer pensar? É um ser humano cindido, que se volta contra a sua própria essência! Nesse meio, vão se formando as massas. Isto é, grupo de pessoas que aderem a esse ou aquele pensamento para não precisarem eles mesmos pensar. 
Nesses momentos surgem os oportunistas, é fácil discursar sobre o sofrimento alheio e prometer mundos e fundos para salvá-los. Como é bela a arte da política! São super heróis ou, até mesmo, novos “Cristos”. Não digo que não existam pessoas sérias na política, pois se não acreditasse nisso, sinceramente não votaria. Mas, infelizmente, existem muitos “Messias” de si mesmos por aí.
Alguns dias atrás recebi um vídeo que trazia dois discursos do nosso presidente Lula. O primeiro discurso era mais recente, desse ano, no qual Lula defende os programas sociais, ressalta a importância destes para matar a fome dos necessitados, além de atacar fortemente os críticos dos programas sociais. Traduzindo em bom português, Lula exalta o Bolsa Família e cutuca os tucanos. Até aí tudo dentro da normalidade. Para meu espanto, no segundo discurso, do ano 2000, Lula, até então já um pré-candidato a presidência, ataca o governo FHC por ocasião da criação dos programas assistenciais, dizendo que era uma maneira de comprar votos pelo estômago. 
O que dizer?
Sinceramente fiquei sem palavras ao ver aquele vídeo. Não sou contra o Lula, acho que foi um bom presidente, apesar de tudo o que aconteceu durante esse período. Mas, se os programas assistenciais são uma máquina de compra de votos como disse Lula em 2000, ele mesmo apenas ampliou e modernizou esse programa.
Fico pensando, porque os políticos não podem ter a hombridade de reconhecer o que seus opositores fizeram? Será que humildade agora significa fraqueza? Por favor alguém ilumine a mente desse que vos escreve!!!
Parece tão fácil chegar na TV e usar as palavras sem compromisso. E o que me deixa mais chateado é que a maior parte da população embarca nesses navios de piratas sem perguntarem para onde estão indo. 
Faz necessário lembrar que isso acontece também porque não temos memória. Esquecemos com muita facilidade as coisas que acontecem. Se alguém me dissesse que o Lula discursou contra os programas assistências, eu diria que era mentira, não daria o mínimo valor, a minha sorte foi que eu vi ele falando. Fiquei espantado até com o meu esquecimento. Realmente, devemos estar em constante vigilância.
A narração bíblica diz que a encarnação de Cristo, foi a encarnação do VERBO. Resgatemos o valor humano e divino da palavra, do ato de pensar, do Logos.

Hans Henrique da Silva Pereira

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