Na praça da pequena vila todos que passam estranham o sujeito que misteriosamente chegou na manhã daquele dia e desde então está sentado no banco. É um homem de meia idade, branco, barba bem feita e veste roupas estranhas em comparação as vestes simples dos habitantes daquele arraial, um casaco grande que cobre todo o corpo, uma boina cinza e um par de sapatos bem engraxados.
Recuperando-se do estado insconsciente, o Senhor começa a encarar o olhar das pessoas com igual curiosidade. Ele não sabia onde estava e como tinha chegado ali. Procurando alguma explicação plausível, levanta do banco e vai em direção a um aglomerado de pessoas que o espiava e pergunta:
– Caros amigos, chamo-me Luis, moro em Brasília e não sei como vim parar aqui. Vocês poderiam me informar onde estou e por acaso viram como cheguei aqui?
As pessoas um tanto ressabiadas ouvem com muita atenção o Senhor. Mas por não compreenderem bem o Sr. Luis permanecem caladas. O silêncio é quebrado por um menino de uns 10 anos que o responde:
– Moço, eu acordei cedinho para brincar na praça, fui um dos primeiros a chegar aqui e o senhor já estava dormindo ai no banco.
As pessoas afastam a criança do estranho com medo da reação dele. Todos que estavam por ali continuam intrigados examinando aquele senhor, que educadamente agradeceu a resposta da criança. Vendo que estava difícil a comunicação com aquelas pessoas, Luis num sobressalto sobe no banco da praça e com gestos espalhafatosos tenta atrair a atenção de mais pessoas.
– Querido povo da vila das crianças gentis, vim de Brasília, capital do nosso querido Brasil, sou politico e gostaria de ouvir vossas reinvindicações para trazer a esse lugar o desenvolvimento das grandes cidades.
Mais pessoas de juntaram, e já eram umas 50 pessoas ouvindo o nobre politico. Contudo, elas permaneciam sem entender bem o que ele dizia. Foi então que uma jovem, a meiga Lara, respondeu-lhe:
– Senhor Luis, nós não conhecemos nem Brasília, muito menos sabemos onde é esse tal de Brasil. Vivemos bem aqui em nossa vila, já temos todo progresso que queremos e não temos reinvindicações a fazer.
A resposta de Lara pegou Luis desprevenido. Afinal de contas, se não estava no Brasil, onde estaria ele? Quem o teria levado para lá? Começou a suar frio, mas sabia que não podia perder a calma. Tentando reverter a situação e se fazer compreender melhor, pede a jovem:
– Obrigado pela resposta nobre senhorita. Mas, gostaria de falar com o prefeito da vila ou com o responsável politico dela.
Lara respondeu:
– Senhor, nós não temos prefeito e muito menos sabemos o que significa essa tal politica que falas tanto.
Percebendo que a situação estava mais complicada que imaginara, pergunta o que deve fazer para ir à cidade mais perto. Contudo é novamente surpreendido ao saber que eles não têm cidades vizinhas e se as têm, não as conhecem. O povo fica alvoroçado, pois estão igualmente espantados com o aparecimento desse homem.
Luis tenta organizar em sua mente aquela situação. Como seria possível que eles não estivessem cercados por outras cidades, que não tivessem politicos. Afinal de contas, quem traria todas as maravilhas da industria para aquele lugar, alimentos, eletro-domésticos, roupas, computadores. Onde estaria ele? Quem é esse povo? Como sobrevivem?
(Continua…)
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