Simpliamigos, bom dia. Nesta semana, tive a honra de entrevistar a Poetisa Catarinense, Sueli Bittencourt, sobre quem escrevi há duas semanas, aqui no Simpliespaço. Reproduzo abaixo o bate-papo que tive com esta maravilhosa escritora e cidadã. Um exemplo de Vida, de Luta e de Amor pela Humanidade. Muito obrigado, Poetisa, por conceder a entrevista a este amigo e admirador.
Fale-me, por favor, sobre sua paixão pela Literatura e, em especial, pela Poesia? Como começou?
SB – Na adolescência, frequentando o “Curso Normal Superior Vocacional”, onde tive ótimos professores, senti verdadeira paixão por três matérias: literatura, filosofia e sociologia. Nessa ocasião estudava muito, fiz meus primeiros versos, e tinha reflexões profundas sobre a vida, sobre o comportamento humano e sobre os múltiplos problemas sociais. Aprofundava-me nesses estudos, idealizando um mundo bem melhor…
Formada, dediquei-me inteiramente ao magistério. Tive uma vida muito difícil, de muito trabalho, sem tempo para a literatura e para dar expansão a idéias filosóficas e de interesse social. Assim mesmo fiz alguma coisa em benefício de crianças carentes, E escrevia e estudava quando possível. Até tive alguma publicações em jornais e revistas. Porém, só após aposentada, já com os filhos criados, passei a escrever mais. Principalmente poesias. Cheguei a escrever um livro (não publicado): Reflexões em Versos.E escrevi muito contra a corrupção de políticos e autoridades, que, com seus maus exemplos,além de exercerem influencias negativas de modo geral, impedem a boa educação de crianças e jovens, contradizendo, com suas atitudes, os bons ensinamentos.
Aos 81 anos de idade, quando entrei para o GRUPO DE POETAS LIVRES, passei a sentir uma vontade imensa de escrever, de poetar e de voltar às escolas, agora com poesias e incentivos de paz e de princípios éticos, contra a violência e outras atitudes negativas. Foi nessa ocasião que surgiu O PROJETO PAZ E POESIA.
Como surgiu a ideia do Projeto Paz e Poesia?
SB – Surgiu com o propósito de ajudar a combater todo tipo de violência e estimular a sensibilidade e o bom senso das pessoas, principalmente de estudantes, induzindo-os à apreciação das coisas belas, agradáveis e construtivas. Isto visando uma melhor qualidade de vida, uma sociedade mais equilibrada, mais justa e pacífica. Além de poder despertar o gosto pela leitura, pela escrita e pela arte de fazer versos ou poesias.
Vemos hoje tragédias no ambiente escolar (por exemplo, Realengo). Quais os fatores que lhe parecem mais determinantes para a violência na sociedade contemporânea?
SB – Entre outras causas, vejo esta como principal: a exibição contínua e detalhada da própria violência. Quer pela TV como pela imprensa em geral. E até nos jogos e brinquedos! De tanto ver, ler, ouvir e sentir violência, muitas pessoas (principalmente jovens e crianças), passam a considerá-la normal e necessária. E acabam tornando-se “naturalmente” violentos. Estímulos negativos têm conseqüências negativas…
E a Educação? Qual o papel do Educador, a seu ver, pela Paz?
SB – A educação tem poder extraordinário na formação do indivíduo. Mas quem educa não é só o professor. São principalmente os pais. Tudo e todos que exercem influência sobre a criança, o jovem, o educando em geral, contribuem para sua boa ou má educação. Por isso os pais, além de procurar colaborar com os professores, num trabalho conjunto, devem estar sempre atentos e, com muita habilidade, amor e paciência, evitar o inconveniente. O papel do educador em relação à paz ou a qualquer outro assunto, seja ele o professor ou os pais do educando ou quem for, é antes de tudo ter atitudes que dêem respectivamente bons exemplos, agindo com calma e paciência, pacificamente. Nunca com grosserias e ameaças… O diálogo inteligente e amigável produz sempre ótimos resultados.
Quais os desafios da juventude para o futuro na busca pela Paz?
SB – Boa convivência, boa educação, boa formação, tendo bons exemplos de pais e professores, como de autoridades e de pessoas importantes na comunidade onde vivem, darão à juventude força poderosa, capaz de vencer grandes desafios, inclusive para um futuro de paz e qualidade de vida.
6. E na literatura? Projetos a caminho?
SB – Grandes projetos, mudanças e realizações creio estarem a caminho sim, considerando-se as constantes descobertas e o avanço contínuo da tecnologia. Inclusive com livros, literatura e escritores no gigantesco e crescente mundo virtual! Porém, não mais para quem está beirando 91 anos de idade…
Mas (ia esquecendo…) Estou com um áudio-livro a ser lançado aqui, nem sei como nem quando. Em Portugal esse livro já foi lançado por Iara Melo, no Portal CEN, como se pode ver neste endereço:
http://www.caestamosnos.org/Sueli_Bittencourt/Audio_Livro.htm
O site acima traz uma pequena amostra desse áudio-book, mas já dá uma ideia do que seja.
Outro projeto, “SIM ou NÃO? POR QUÊ? é o título de um pequeno livro educativo publicado em 2006, sendo que o respectivo áudio-book está saindo agora, em 2011. Tratam de assuntos básicos de educação, abordados de maneira lúdica, mas bastante reflexiva , objetivando uma aprendizagem agradável e eficaz. Creio que seria muito importante o seu uso principalmente nas escolas, porém, até agora nada consegui neste sentido. Na Páscoa, dei de presente aos meus bisnetinhos esse áudio-livro com uma explicação na contracapa e fiz com eles uma brincadeira de “Sim ou Não”. A explicação e um pedacinho da brincadeira envio aqui em anexo.
Muito obrigado, Poetisa, por essa entrevista maravilhosa, dando-nos a oportunidade de conhecermos um pouco mais sobre sua história, obra e projetos.
SB – Ao especial amigo meu grande abraço.
SOBRE A AUTORA:
Sueli Rodrigues Bittencourt nasceu em 20 de dezembro de 1920, em Orleans, Santa Catarina. Professora em vários graus de ensino, sempre muito dedicada à educação, principalmente de crianças, aposentou-se pelo Instituto Estadual de Educação de Florianópolis como professora de Didática e Prática de Ensino. É membro do GPL-Grupo de Poetas Livres, em Florianópolis, onde participa de todos os projetos, desenvolvendo especialmente o "Projeto Paz e Poesia". Tem publicados dois livros: "Suavize seu Viver" e "Sim ou Não? Por Quê?".
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