Simplicíssimo

Poder e cobiça

Gordon Gekko, o personagem celebrizado por Michael Douglas nos ainda promissores anos oitenta, costumava dizer que “a cobiça era boa”. Concordo. E muito boa, acrescento. Se não, vejamos: onde estaríamos se o homem das cavernas não tivesse cobiçado a produção excedente do vizinho? Provavelmente não teríamos descoberto para que servia a pedra e partido a cabeça do tal vizinho, diriam os retrógrados; mas aí permitam-me refutar seu negativismo: também não teríamos viajado a Lua – viajamos, sim, palavra de Hollywood! – nem construído os impérios financeiros que viriam a reger todas as relações econômicas do período pós-guerra – tudo bem, admito, guerra, cobiça, entendi a mensagem; agora, por favor, deixem-me continuar a crônica. Sim, senhor, o que seria do progresso sem a cobiça? Ainda usaríamos as pedras para derrotar o rival. Coisa mais primitiva! Afinal, senhores, o capitalismo, ao contrário do que dizem os preguiçosos e sem iniciativa, não é de forma alguma selvagem. Ao contrário, trata-se de um perfeito cavalheiro: dado a jantares em restaurantes caríssimos e viagens internacionais de negócios. O capitalismo, senhor Marx, detesta ditadores que não facilitam o livre comércio e jamais carrega dinheiro consigo. Isso é para os bárbaros. O capitalismo sempre se veste bem. Até para assaltar. Ou principalmente para assaltar. Só não o procurem se o valor das bolsas caírem. Nesses momentos, o capitalismo costuma viajar. Para praias muito, mas muito distantes. Sempre ao lado da cobiça.
 

Edweine Loureiro

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