Simplicíssimo

O puteiro dos horrores – capítulo III

Não, não era a Toinha (esse era o apelido carinhoso que eu havia dado a ela há trinta anos atrás).

A mulher era bem semelhante à minha antiga e predileta parceira, mas, depois que eu troquei meus óculos pra perto pelo pra longe, percebi que não era ela.

Parecia mais a Mortiça, da Família Adams.

A mulher, ou melhor seria dizer, a velhota, entrou no salão e perguntou:

– Me paga uma pinga, bonitão?

Resolvi brincar um pouco com a "garota":

– Não, eu prefiro uma batida de suco de barata com aranhas…

Ela vibrou.

– Nossa, é a minha preferida, bem.

Pelo jeito ela não tinha entendido a piada.

– Põe uma batida tripla aí, Ditão. E uma pro coroa aí também.

O pior é que ela falava sério.

Cheirei a batida, quase vomitando.

Saí-me com essa:

– Hum, essa aqui não me parece suficientemente envelhecida, meu bem.

– O quê?

– É. Parece que essa não tem nem doze anos. Acho que vou querer a pinga mesmo. Traz uma 51, amigo. Bem caprichada.

O barman bebeu a batida de uma só vez.

– Não devemos desperdiçar – ele falou, lambendo os beiços e servindo a cachaça.

De repente, ouvi outro grito ensurdecedor.

O Dito me tranquilizou:

– Deve ser o freguês da Geralda… Quando ela não quer vesti-lo de bebê, ele grita assim.

Quase ao mesmo tempo, ouvi outro berro.

O Dito bocejou:

– Deve ser o freguês da Jacira… Quando ela não quer fazer roleta-russa no ouvido dele, ele berra assim.

A "Mortiça", depois de beber uma dúzia de batidas, me convidou:

– Vamos, boneco?

Dei uma geral na "garota":

Os peitos quase chegavam ao umbigo.

A barriga era três vezes maior do que a bunda.

As pernas lembravam direitinho o mapa da Amazônia, de tantas varizes.

A chapa que ela usava precisava urgentemente de um clareamento.

– Olha, garota, eu estou aqui só recordando os velhos tempos. Acho que não vou querer nada, não.

E ela:

– Ah, já entendi. Dito, traz um envelope de Viagra aí.

– Não, não é isso, amor. Você é muito bonita mas é que ontem mesmo eu transei umas dez vezes, então… bom eu não sou de ferro, né?

– Sei, sei… Acho que o seu negócio é outro, né, boneco? Dito, chama o Tião!

Fiquei fodido!

– Eu sou espada, sua filha da…

Nisso, surge outra mulher na porta.

Seria a Tonha?

Sim, acho que dessa vez era.


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João Batista dos Santos

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