A agulha sulcando o vinil é arado rasgando as serras das Gerais – sem meias medidas, num quase estupro consentido. Segue a girar como Minas gira coração e miolos adentro, em quem é de lá de nascença, por costume ou vitimado de deslumbramento, com seus potes de compota e velas de procissão. Belô dos mares de bares, todas as esquinas convergem conformadas e tímidas para aquela uma, a tal que ganhou mundo e fama. Seguem como devotas na quaresma, essas esquinas comuns que não tiveram clube, passos lentos e testas vincadas prematuramente. Seguem pela Via Crucis de paralelepípedos gastos, com baldeação em Três Pontas, Montes Claros e onde mais passe o trem azul. E reverenciam, de joelhos, o latifúndio patrimônio deste mundo. Esse queijão com um furo no meio que Deus benzeu.
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Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário e colunista em diversas publicações impressas e eletrônicas.
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