Simplicíssimo

Futebol, no fim

É dia de Gre-Nal, mas este não é um Gre-Nal comum. O clássico vai decidir a Taça Libertadores da América, o mais importante torneio do continente e, além disso, serve de passagem para o Mundial Interclubes, nada mais nada menos que o título máximo para um clube de futebol.

Decidir um título internacional com Gre-Nal é algo inédito. Os dois clubes fizeram campanhas irreparáveis, chegaram até a final com total credibilidade de seus torcedores. Mas, para uma cidade e um estado separados bilateralmente entre esses dois clubes tudo poderá acontecer. Tanto foram os confrontos, xingamentos e até, infelizmente, linchamentos que o jogo acabou transferido para o Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Estádio este que já foi palco de inumeráveis partidas decisivas entre os maiores times do Brasil e do mundo. Agora a dupla Gre-Nal conquista seu espaço, definitivamente, entre os maiores times de futebol do mundo marcando o centro do Brasil com a decisão do mais importante torneio sul-americano de futebol.

Comenta-se, lá pelos lados do Olímpico, que a diretoria do Clube já fretou 50 jatos das companhias aéreas brasileiras para levar, direto de Porto Alegre, todos os jogadores, ainda vivos, que já conquistaram esse título pelo clube e suas famílias, além de dirigentes e torcedores que comprarem um lugar no meio dessa viagem única.

O Internacional, por sua vez, busca nas suas estrelas do passado, a redenção. Além de convocar seus ex-craques e campeões mundiais a comparecer todos os dias no Beira-Rio, mudou de estratégia quanto à premiação, como já perdeu esse título três vezes em finais, estará distribuindo todo o dinheiro que ganhar como prêmio aos jogadores e empregados do clube. Acredita que a mobilização interna irá suplantar toda a resistência que o maior rival possa oferecer durante a partida.

Assistindo a tudo encontra-se o torcedor. Aflito, nervoso, contando os minutos para o início da partida e aguardando o apito final para extravasar sua alegria ou amargurar a maior derrota de todos os tempos. Orgulhosas, as duas torcidas se digladiam nas ruas do estado inteiro, que recebeu reforço policial do Exército para conter as massas impulsionadas pela avassaladora campanha da Dupla. Também não é para menos! Temos a base da seleção brasileira residindo e jogando em Porto Alegre. Nada menos que 6 jogadores titulares desta e mais dois reservas atuam em Grêmio e Internacional, 4 em cada time. Além de outros jogadores que estarão, em breve, sendo lembrados para nossa seleção.

Meses depois…

Chegamos ao dia da final. O Rio de Janeiro aguarda ansioso o final da partida para recomeçar a sua vida normal. Foi invadido por gaúchos de todos os cantos do mundo. Estão todos lá, caracterizados na maior parte, pelo seu sotaque característico e outros por seus meios ortodoxos de transportes. Caravanas de carreteiros, partiram a meses do RS e chegam ao Rio de Janeiro trazendo a expectativa de ver seu time campeão. Cavalariços, peões de estância e magrinhos de Porto Alegre reúnem-se há semanas nas praias do Rio de Janeiro para fazer churrasco na areia e tomar chimarrão de cambona aquecida no fogo de chão. Os cariocas estão perto da loucura. Seus turistas estrangeiros estão fugindo, abandonando a cidade maravilhosa, com medo do enxame de gaúchos que vem de todos os lados abalroando tudo que encontra pela frente.

Os times estão fechados em suas concentrações há dois dias, pelo menos. Ninguém entra, ninguém sai. Apenas repórteres contratados pelos dois clubes enviam comunicados pela Internet quatro vezes ao dia para o mundo externo às concentrações. O fator mobilização está sendo levado ao limite do suportável. Os dois sairão das respectivas concentrações a duas horas do início da partida. Com isso, espera-se que o Grêmio chegue em meia hora ao estádio e o Internacional em uma hora, perfazendo um intervalo de meia hora entre as chegadas das delegações.

O alvoroço é tanto que a 12 horas do início da final o Maracanã já estava cheio, com os seus 200.000 lugares ocupados. Celebridades de todo mundo que participavam de um Encontro das Nações Unidas em Cabo Frio, RJ, sobre o nível dos mares e as conseqüências para a humanidade vieram em peso ao confronto dos dois maiores times de futebol das Américas. Chefes de Estado, intelectuais do mundo todo, o evento havia se tornado um furacão implacável que derrubou todos os canais de comunicação mundiais e os trouxe direto ao Maracanã para a comemoração do futebol, o esporte mais praticado no mundo há mais de 200 anos.

Tudo correndo como planejado. As delegações saíram de suas concentrações, dirigiram-se ao estádio, chegaram e encaminharam-se aos seus vestiários sem maiores problemas. O sistema de segurança, totalmente implantado por holandeses, estava funcionando perfeitamente. Nada havia saído fora de seu planejamento e a Holanda, país que se tornara o centro mundial da segurança, deveria ter em breve mais um evento entre os maiores do mundo no seu currículo.

A bola no centro do espetáculo, o mundo todo assistindo, após os cerimoniais iniciais como hinos e agradecimentos. O jogo do milênio está prestes a começar, diziam uns. O time do Internacional teria o privilégio da saída. Seu artilheiro, jogador da seleção alemã de futebol, iria dar o passe inicial para o meia esquerda do time e da seleção brasileira. De agora em diante seriam 90 minutos de embate para que metade de um estado comemorasse e outra metade morresse em lamentos. A história recente era favorável ao Internacional que chegava pela terceira vez consecutiva a final dessa competição após ter sido bi-campeão brasileiro e vice-campeão no último ano, perdendo o título para o arquirrival, Grêmio, que se recuperara, investira e formara um time tão bom quanto o inimigo, capaz de derrotá-lo após 3 longos anos.

Somado a esse grande jogo, a Conferência da ONU no Brasil. O mundo todo ligado nos acontecimentos tupiniquins, bilhões e bilhões de pessoas aguardando. O árbitro dá o apito inicial. O centroavante colorado toca na bola e uma ogiva de 10 megatons detona sob o gramado, banindo da Terra toda a cidade do Rio de Janeiro, infestando todo o Estado fluminense com radiação. Radiação esta que se espalharia por todo o planeta, nas respostas a esse atentado. Inicia-se a Terceira Guerra Mundial.

Mauro Rodrigues

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