– Sr. Ivan Lins…
– Sim? Voce que é o…?
– Loureiro…
– Loureiro…?
– Do ensaio da Mangueira, o senhor lembra?
– Ah, claro… Loureiro!
– …
– E aí, meu jovem, o que eu posso fazer por você?
– Gostaria de tirar uma foto com o senhor… Acabei de assistir ao show, aliás, maravilhoso…
– Claro, claro, você estava sentado bem em frente ao palco…
– Exatamente, e o senhor não sabe como me emocionei ao…
– Bacana! Vamos à foto, então.
Desculpe, amigo leitor, pois aqui tenho que interromper a narrativa para confessar algo terrível: o diálogo acima não aconteceu…
Sim, na última quinta-feira estive em um show ao vivo de Ivan Lins, em uma casa de espetáculos chamada “Blue Note”, aqui, em Tóquio…
Sim, de fato, sentei-me à mesa bem em frente ao palco, e vibrei, até cantei junto, especialmente quando ele soltou ao microfone “Abre Alas”…
Mas, não: infelizmente não consegui encontrá-lo.
Quando o compositor saiu para descansar para o segundo show da noite (registre-se: nosso ingresso somente valia para o primeiro), até procurei por ele, na esperança brasileira de uma foto. Procura-se que se procura, nada nem ninguém encontramos, até que, por fim, fomos abordados por uma japonesinha, trabalhadora do clube. Ela indagou a minha esposa o que queríamos, e, ao saber que desejávamos tirar uma foto com Ivan Lins, saiu-se com a pergunta-chave:
– Vocês o conhecem?
Foi então que minha esposa, para desespero daquele que vos escreve, respondeu:
– Não.
Fim de papo. Para consolo, ficou a capa do CD para que Ivan Lins autografasse no sábado, último dia da turnê. A capa autografada, essa prometeram entregá-la… o mais breve possível.
Quanto a mim, restou a sensação de que, se minha esposa não tivesse sido tão “japonesamente” sincera em sua resposta à atendente do clube, o diálogo que abre esta crônica bem que poderia ter existido…
Ou não. Vai saber…
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