Simplicíssimo

Um tributo à Literatura Japonesa (Parte I)

Ao leitor brasileiro: voce já leu Mishima Yukio? Qual a obra mais famosa de Natsume Soseki? Quem foi Akutagawa Ryunosuke?

A não ser que se trate de um especialista em Literatura Japonesa, as perguntas acima, em um típico círculo literário tupiniquim, ficariam sem respostas.

Para falar a verdade, eu mesmo, tendo começado a lê-los há pouco mais de três anos, seria um insensato arrogante se me aventurasse, no presente texto, a responder a tais questões.

O que posso dizer, sim, é que li alguns renomados autores nipônicos. E gostei. Por exemplo, a obra Kappa, do genial Akutagawa. Um autor que cometeu suicídio com pouco mais de trinta anos de idade, e, antes do ato final, deixou um brilhete aos “amigos” (e, por que não dizer, à humanidade…), agradecendo, ironicamente, por conduzi-lo a tal decisão. Kappa, do início do seculo XX, conta a história de um mundo às avessas, habitado por seres híbridos (não sei se é certo, mas diria um rosto leonino, e um corpo misto de peixe e camaleão), onde as regras sociais são, no mínimo, curiosas: por exemplo, a cópula tem início com a fêmea perseguindo o macho (não tão às avessas, diriam os mais modernos; mas, lembrem-se: estamos falando de uma obra centenária). Uma passagem que me chamou particular atenção foi o nascimento dos filhotes kappas: alguns momentos antes do parto, o kappa macho dilata a vagina da companheira e dirige a pergunta ao nascituro: “tens certeza que desejas vir a este mundo?”. Se a resposta do feto é negativa, a barriga materna imediatamente desincha (imaginem um balão que perde o ar que continha) e todos retornam a seus cotidianos, como se nada tivesse acontecido. Tudo graças à sábia decisão do próprio feto. Simplesmente, obra-prima.

Akutagawa foi discípulo de Natsume Soseki, um renomado professor e jornalista do fim do século XIX, cujo principal livro intitula-se Wagahai Ha Neko Dearu (que em inglês, erroneamente, traduziu-se apenas como “I am a Cat” – Eu sou um Gato). O pronome Wagahai, na verdade, contém uma idéia de honra, nobreza: o que, em outras palavras, significa que o felino do título considera-se muito mais que um simples mascote. O livro é uma sátira, onde o gato passa o tempo criticando o comportamento de seu dono, um professor (o proprio Soseki?) e de outros humanos que rodeiam o mestre. Confesso que não li toda a obra (apenas trechos); mas, do pouco que li, recomendo.

Li outra obra de Natsume Soseki, intitulada Botchan. Mas desta obra, assim como as de Mishima e outros autores japoneses (Murakami Haruki, Mori Ogai…), deixarei para falar em outra oportunidade.
Minasan, yomimashou…

Edweine Loureiro

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