Simplicíssimo

Uma crônica filipina

Entrou no recinto levando a menina pela mão. Dirigiu-se ao balcão e pediu em voz alta:
“Uma coca-cola, aqui, para minha filha!”
A criança, filipina, não deveria ter mais de oito anos. O senhor de meia-idade era um estrangeiro, alto, cabelos louros. Provavelmente, um dos muitos americanos da ilha.
O garçom não demorou em trazer-lhes a coca-cola.
“Thank you.”
Sentou-se com a pequena em uma mesa central. Em um canto, três homens conversavam, ruidosamente, em espanhol. Um deles, porém, ao ver o senhor e a garota, fez sinal aos demais para que tambem os observasse.
O senhor pareceu não se importar e, servindo a criança, perguntou-lhe algo em tagalo (a língua oficial nas Filipinas); ao que a menina assentiu com a cabeça. O homem sorriu.
A cena poderia passar despercebida, se não fosse por dois detalhes: a mão do estrangeiro sobre uma das pernas da garota; e o medo nos olhos dessa.
O silêncio no recinto também parecia denunciar: aquela cena, aparentemente banal, escondia um crime. Um crime produto da miséria e da torpeza humana.
Foi quando o estrangeiro, sentindo os olhares a sua volta, levantou-se às pressas, e, conduzindo a criança pela mão, saiu do restaurante.

Edweine Loureiro

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