Simplicíssimo

Desforra

ERA O HOMEM mais rico e influente da cidade. No alto de sua prepotência, passava por cima de TUDO e de TODOS.

Mas a morte, que nivela todo mundo no mesmo plano, derrubou-o do seu pedestal.

Morreu. E como acontece a todos os poderosos, que mesmo mortos fazem gravitar ao redor de si as mais variadas formas de hipocrisia, em torno de sua morte também houve muito estardalhaço. Os jornais não esqueceram de lamentar a perda de “tão grande homem”. E não faltaram discursos laudatórios. Teve até concurso. Três poetas competiram para ver quem comporia o melhor epitáfio. O verso vencedor seria posto na lápide em letras douradas. “Palavras de ouro para um homem de aço.”

Um mês após o falecimento de seu filho mais notório, a cidade fez questão de homenageá-lo, batizando uma de suas ruas com o nome do ilustre cidadão.

Homenagem ou vingança?

Hoje, por ironia, TUDO e TODOS passam por cima dele.

Wilson Gorj

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