Do filho que se jogou na frente do trem, só lhe trouxeram o chinelo – um apenas: o esquerdo.
Meses depois, já consolada desta segunda perda familiar, a viúva mandou reformar o quarto do filho, até então trancado pela dor da tragédia.
Novo reboco, nova pintura, novo piso.
Dia seguinte, a surpresa: no cimento ainda fresco, estavam impressas duas pegadas distintas: a de um pé descalço e a de um chinelo. Direito.
In: Contos de Algibeira – ed. Casa Verde, 2007.
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