– Benhê, você me ama?
– Amo, claro.
– Mesmo eu sendo mais velha do que você?
– Isso não tem nada demais, ué.
– Tem certeza?
– Claro.
– Você me ama acima de qualquer coisa, de qualquer pessoa?
– Amo, acima de qualquer coisa e de qualquer pessoa.
– Você me ama acima de Deus?
– Amo.
– Você me ama… hum… acima até da sua própria vida?
– Eu daria a minha vida por você, minha santa.
– Hum… Você me amaria mesmo se eu perdesse todo o meu dinheiro?
– Com certeza, benzinho. Mas por que tanta pergunta assim?
– Bom… Você promete que não vai ficar brabo?
– Prometo.
– No duro?
– No duro.
– Bom, é que eu… perdi tudo o que tinha, amor. Minhas empresas faliram. Todas. Só me restaram dívidas.
– É?
– É, meu lindo. Mas isso não tem importância, né? Já que você me ama acima de tudo, até da minha grana…
– Amor…
– Hã?
– Pode deixar que eu te gosto de qualquer jeito mesmo.
– Jura?
– Juro. E é por isso que hoje mesmo eu vou pros Estados Unidos ganhar bastante dinheiro pra gente poder se casar e viver com todo o conforto que você está acostumada.
– Sério, bem?
– Opa.
– Você vai hoje mesmo?
– Vou. Estou indo agorinha mesmo pro aeroporto comprar passagem pro primeiro avião.
– Nossa, bem, que legal! Eu sabia que você me amava mesmo. Eu sabia que o fato de eu ter sessenta anos e você, vinte e um, não tinha importância nenhuma. Mas você volta, né, amor?
– Volto, sim. Com certeza.
– Quando, bem?
– Bom, pelos meus cálculos, daqui a uns cinqüenta anos, minha santa… Adiós, old woman…
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