Simplicíssimo

Balada da (nova) bomba

a bomba esperta agora a ninguém mais assombra
não amedronta mais nem nos provoca insônia
não incomoda nada agora a ex-fanfarrona
mora em outro lugar talvez além das sombras
a bomba espera calma em nós já não assoma
não nos atiça mais não faz beijar a lona
mas onde quer que esteja a bomba de nós zomba
onipresente e fria em sua nova ronda
pois a bomba nos vê dia e noite nos sonda
noite e dia vigia e do tempo é a dona
e na tocaia afia a mais mortal peçonha
e mil formas ensaia e se desmonta e monta-se
porém onde andará tão sutil geringonça?
pois ela já não silva a bomba já não rosna
pois ela já não zune agora em nossas fronhas
sorri não ameaça está apta está pronta
porém onde andará? (anda só feito monja?)
talvez lá numa estrela altaneira se esconda
ou num buraco negro ou maior já desponta
em meio à lua e ao sol tão bela e tão redonda
ou só aqui na terra a fera vem à tona
e voa por aí travestida de pomba
ou quieta e sedentária é uma flor que se encontra
só lá no piauí em madri ou em roma
ou bem nesta cidade é que a bomba funciona
talvez é caridosa uma gorda matrona
quem sabe eu a conheça ordeira e tão risonha
quem sabe a vi na feira ou no açougue ou na zona
vai ver mora ao meu lado e é gentil e é tristonha
e é só e entediada e postais coleciona
e um dia se revela e terrível e medonha
gargalha atrás da porta em minha aorta afônica

João Batista dos Santos

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