Oi, me chamo Zé das Couves. Sim, eu sei, Tem muito Zé das Couves por aí. O quê? Não, não planto couve não, meu senhor. Trabalho por aí fazendo uns biscates no comércio. Mais especificamente o que? Ah, o que aparecer. Depende da época. Agora por exemplo: me visto de Papai Noel e fico batendo a sineta na frente das lojas gritando “Ho Ho Ho” bem alto pra ver se assusto as crianças e escapo de dar colo para elas. Também vendo brinquedos e badulaques na minha banquinha portátil. Não fosse o Natal e a nêga véia ia fazer cara feia em casa com a panela vazia e a filharada chorando.
Falando nela, na Páscoa ajudo a fazer chocolates e no dia da criança animamos festas infantis com um nariz vermelho, uns trapos e muita palhaçada. Mágica? Todo dia pra sobreviver, meu senhor. E ainda tem o ano novo e depois o carnaval. Eu levo o isopor na garupa pra vender bebidas na avenida. E como bebem. Não sei muito bem o motivo de tanta felicidade, tanta comemoração. Sai ano, entra ano e nada muda. Onde está o meu espírito de que? Não sei nada disso não, meu senhor.
Bem, o senhor me desculpe, mas se não vai comprar nada eu vou adiante falar com uns políticos. Ano que vem tem eleições e o pessoal sempre me contrata para jogar um monte de papel pelas ruas. Depois a prefeitura paga um extra para recolher. Vai entender, né meu senhor? Mas enfim, e precisa? Ah sim, Zé das Couves, como muito Zé das Couves por aí…
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