Simplicíssimo

o primeiro mate a gente nunca esquece II

O primeiro mate a gente nunca esquece (eu também tenho o meu e digo, antes que alguém pergunte, que não estou parodiando ninguém. Nem nossos amigos Eduardo H.Sabbi e Ibbas Filho) … Aliás, tô em dúvida: eles são dois??; Um dividido em dois??, ou dois em um??? – na verdade, acho que nunca saberei. Ou quem Sabbi, sabê-lo-ei ! O primeiro mate a gente nunca esquece (eu também tenho o meu e digo, antes que alguém pergunte, que não estou parodiando ninguém. Nem nossos amigos Eduardo H.Sabbi e Ibbas Filho) … Aliás, tô em dúvida: eles são dois??; Um dividido em dois??, ou dois em um??? – na verdade, acho que nunca saberei. Ou quem Sabbi, sabê-lo-ei !

Bom, eles dizem a verdade quando falam que o primeiro mate a gente nunca esquece. O meu também não esquecerei jamais!! … Nossa, tá difícil até recordar! Se pudesse nunca mais lembrar… mas fica ali, impregnado na mente aquele pescoço se contorcendo, o sangue pingando e ela caída no chão se estrebuchando toda enquanto dava adeus à vida. Ela era novinha… bom nem tão novinha senão não a teria matado! Mas eu precisava fazer aquilo, pois se eu não fizesse alguém o faria. Às vezes me dá náusea só de lembrar… o primero mate a gente nunca… esquece!! nem quero lembrar!! Ela já tinha sido escolhida então teria que ser ela mesma. Aquele jeitinho franzino, o modo como olhava as coisas à sua volta dava um nó na minha garganta. Mas eu tinha que fazer aquilo! Ah, o primeiro mate! A gente nunca esquece mesmo! E lá vou eu seguindo-a por todos os lados mas sem que ela percebesse. Teve um momento que acho que ela percebeu porque ficou arisca e ficava sempre olhando pra trás. Eu disfarçava e quando ela andava eu a seguia de novo. Ela começou a correr e lá vou eu atrás. Ainda bem que eu tinha fôlego. Também, com 19 anos, estamos todos em ponto de bala e nada nos segura, ou melhor, nada corre de nós. E lá ia ela. Ela corria e eu atrás. Lá estava ela ofegante quando, não suportando mais, tropeçou e caiu. Fui chegando, chegando, e comecei a sentir uma dor no peito, mas não era uma dor física, era uma dor pelo que eu tinha que fazer. Afinal nunca matei. Mas eu tinha que provar pra minha família que eu era corajoso e eles estavam me olhando, vendo o que eu tinha que fazer. Peguei a faca e quando olhei para minha mão vi que ela tremia. Ah, o primeiro mate a gente nunca esquece mesmo! Eu a segurei firme, ela ofegante parecia implorar para não matá-la. Até falei bem baixinho no ouvido dela para que me perdoasse. Senti até um nó na garganta. Ah, o primeiro mate a gente nunca esquece mesmo!

Eu a peguei com jeito, enquanto ela me olhava como pedindo clemência. Senti saírem dos meus olhos pequenas gotas de suor misturadas às lágrimas. Vi as forças nela voltarem quando me viu com a faca na mão. Ela se debatia, tentava fugir, e, quanto mais ela tentava se desgarrar de mim… foi quando dei a primeira espetada no seu pescoço. Foi com se doesse todo meu ser. Também, era a minha primeira vez. Era a primeira que vez que matava algo. E o primeiro mate…

Momentos depois ei-la num canto toda ensanguentada. Parecia olhar pela última vez esse mundo cruel. E rindo, felizes vinham meu pai, minha mãe e meus irmãos me dando os parabéns. Que crueldade eu fizera!! O primeiro mate…

– agora o próximo passo, filho, é esquentar a água e colocar a galinha pra soltar as penas – explicou minha mãe, enquanto pegava uma panela.


*Conto em resposta a outro, “O primeiro mate a gente nunca esquece”, de Eduardo H. Sabbi e Ibbas Filho, (veja a sequência dos comentários).

Afonso José Santana

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