Domingo, noite quente, lua bem cheia ascendente e graúda à beira-mar, à beira-rio, à beira das calçadas, à beira do Recife. No trajeto de Boa Viagem para casa, dei conta de que aquela reluzência toda devia ser comemorativa de alguma data nobre. Os astros, da sua imensidão, no fim do dia sempre tentam se comunicar conosco. As flores, também.
Um cheiro de jasmim no ar. Pensei em agradecer a Deus aquele dia, pelo trabalho exaustivo, fora de rota, fora de cogitação. Agradecendo, olho para o alto, enquanto o motorista bamboleia pelas ruas recifenses. Vejo estrelas brincantes, nuvens coradas pelo doirado daquela lua enorme e bela: a lua dos nefelibatas, dos poetas, dos inocentes e dos gentis de alma. Ninguém, além destas criaturas, sabe interpretar uma lua cheia de si.
E ela foi crescendo e dizendo “Eu sou a maior lua desse mundo e venho hoje aqui para anunciar uma grande festa no céu!” Ah, lua perfeita! E lua fala? Fala sim. Algumas recitam poemas e até riem ou choram de tristeza. Mas não naquela noite: era a noite da lua grande, branca e alegre.
E começaram anjos escondidos a passear nas nuvens claras. Incautos, deixavam-se ver brincando de esconde-esconde, correndo atrás de um planeta ou de um telescópio recém-chegado por lá. Era do novo hóspede. “Olhem só, que brinquedo supimpa!” Gritou o Anjo Antigo. Aos mais novinhos, o hóspede nefelibata fazia perguntas sobre maquinários e estruturas eletrônicas, sem olhar para baixo ou para nós, tristes humanos na despedida.
Falando sério! A saudade é muita mas, com teu telescópio encantado que desde pequeno mirava as estrelas, vê se nos mira agora deste céu e nos enxerga feito estrelinhas reluzentes. De cá, te enxergaremos sempre deitado na estrela mais graúda e mais pura, aquela que tem teu nome: Derrick Adriano, Anjo Precoce e doce irmão para sempre!
(para o meu irmão, no dia de seu encantamento, 04/10/09)
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