Concurso, professores e resultados INEP

Toda pessoa pode errar e emitir seu conceito sem o devido cuidado, mas um comentarista de TV como Lasier Martins, não.

Os concursos públicos são uma ferramenta de seleção idônea (diz-se) que deve levar até o cargo a pessoa mais qualificada, sem favoritismo deste ou daquele. Tudo deve ser igual para todos.

No entanto, as bancas realizadoras de concursos trabalham para que o grau de dificuldade seja o maior possível e que ocorra a abrangência de maior número possível de conteúdos previstos. Assim, por exemplo, numa prova de administração além de conhecimentos específicos de toda a área de administração o candidato ainda tem que dominar legislação, inglês, português e outros temas de acordo com o edital do concurso.

O que ocorreu no concurso do Magistério RS para que 92% fossem reprovados?

Uma soma de fatores complicadores. Somam-se altas cargas horárias de aulas a dar com estresse para suportar a demanda de trabalho com provas muito bem feitas pela banca examinadora do concurso. Por exemplo, o professor de Matemática tem que ser bom mesmo é em Português e em Legislação.

Assim, excelentes profissionais que pagaram R$ 121,00 para inscrever-se continuarão sem a estabilidade porque não foram aprovados. Ao governo resta:

– 5.000 vagas no Magistério para jogar e prometer novos concursos;

À banca examinadora resta:

– um saldo positivo de R$ 121,00 x 70.000 inscritos, aproximadamente = R$ 8.400.000,00.

Isso mesmo, mais de 8 milhões de Reais em arrecadação deste concurso. Um concurso para a Petrobrás, por exemplo, tem a inscrição em torno de R$ 80,00 para um salário superior a R$ 6.000,00 enquanto neste tínhamos uma inscrição de R$ 121,00 para um salário inferior a R$ 1.500,00.

Por fim, o RS tem um alto índice de reprovação e abandono escolar porque aqui ainda existem profissionais comprometidos com a aprendizagem e não somente com índice de reprovação e aprovação. No entanto, enquanto a sociedade (mídia) não divulgar o que de fato ocorre no interior das escolas gaúchas fica a sensação de que somente os professores são culpados por tudo de errado que ocorre no nosso ensino.