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Histórias da Ursolina – Remédio

 Você conhece a Dona Ursolina? Não, então não sabe o que está perdendo…
Outro dia, seu neto Pedrinho perguntou a ela:
– Vovó, você teve outros namorados além do vovô?

   Você conhece a Dona Ursolina? Não, então não sabe o que está perdendo…

   Outro dia, seu neto Pedrinho perguntou a ela:

   – Vovó, você teve outros namorados além do vovô?

   – No meu tempo não era assim que nem agora. Eu tive só um, meu filho, além do seu avô, claro!

   – E como ele era? Por que não deu certo? E se você tivesse casado com ele, como seria?

   – Ah!, eu nunca pensei muito nisso. Mas, sabe que só não casei com ele porque ele preferiu outra. Daí eu fiquei um tempo sozinha e apareceu seu avô.

   – Conta mais vovó… Conta mais…

   – Bom, então deixa eu sentar um pouquinho… Eu conhecia ele desde criança. Tinha sido criado por um tio, depois que uma peste matou o pai e a mãe enlouqueceu. Naqueles tempos todo mundo chamava ele pelo apelido: Zifugo.

   – Zifugo! Conta mais… ahahahha

   – Então não me interrompa. Se não eu perco o fio da miada… Bom… Tempos depois a gente começou a namorar e ele continuava sendo chamado de Zifugo. Na verdade, eu descobri com o tio dele que um outro tio que cuidava dele antes o chamava desde pequeno de "Refugo" e ele aprendeu errado quando tinha uns 2 ou 3 anos e acabou ficando Zifugo mesmo.

   – Bah, que ruim era esse tio. Chamar uma criança de Refugo?

   – Pois, olha meu filho. Quando descobri o nome dele também achei que Zifugo estava bom. Ele chamava-se Remédio.

   – Ah, para com isso vó! Tá brincando?

   – Não, era isso mesmo… Por isso ele não gostava do nome e vivia brigando com todo mundo. Preferia que o chamassem de Zifugo. Mas, como eu ia dizendo, a gente namorou um tempo e a coisa foi ficando séria. Já estávamos quase noivos…"suspiro"

   – E aí, por que não deu certo?

   – Ah, eu acho que nem foi porque a Olina era um pouco mais nova que eu, como falaram na época. Foi tudo por causa do tio dele.

   – Ele não gostava da senhora, vó?

   – É que desde que ele pegara o Remédio, quer dizer, o Zifugo para criar, ele vivia mandando ele na venda fazer compras. Coisas do interior… Um dos itens mais importantes que não podia faltar todo mês era a chamada Insensiolina.

   – Hein? O que era isso?

   – Ah, na verdade o Zifugo foi alfabetizado com 19 anos somente. Mas já sabia as contas e escrever o nome desde casa. Então ele sempre lembrava que o tio dele dizia: "Qualquer remédio, pra ser remédio, tem que ser igual a Insensiolina!"

   – Tá, e daí vó?

   – Daí, filho que quando ele foi alfabetizado ele descobriu que a Insensiolina que ele pedia na venda era, na verdade, a Essência Olina. E desde então ele passou a olhar com outros olhos para nossa vizinha Olina e aí, né… Deu no que deu…

Mauro Rodrigues

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